Passar pela tua casa. Nó. Chegar a casa da noiva. Linda, linda. Beijos. Cumprimentos. Andreia que chora quando a Marisa chega. Lágrimas visíveis nas fotografias. Fotos. Segue-se em frente. Levanta a cabeça e sorri. Isso mesmo.
Igreja. Sofia, Jorge, tia. Força, não chores. Dá os beijos que tens a dar. Abraço apertado à tia. Controla-te. Entra na Igreja... Na Igreja (isso, chora agora o que não choraste durante o dia)... na Igreja, na Igreja. A última vez que lá estive, fiquei minutos e minutos ajoelhada no chão ao pé da coroa de flores dos sobrinhos, a chorar. A porta que dá acesso ao sítio do velório. Lembranças. Mas não chores (chora agora que ninguém vê...). Cerimónia. O mesmo padre estúpido. Foi esta a Igreja do tio Jacinto, não foi? pergunta-me o meu sobrinho. Foi, digo eu. Vá, não chores. Acaba a cerimónia. Tudo bem. A Marisa, o Jorge, a Sofia e a tia não vão. É normal, já se esperava. Foram à Igreja. Já foi bom.
A caminho do Copo de Água. As estradas que temos feito nas duas últimas semanas. Coincidência, não? Fotos. Comidas e bebidas. Tudo bem. Só sorrisos. Não deixo de pensar que a Andreia está mesmo linda. Não deixo de pensar em ti, e em ti também.
Almoço (muito tardio). A tia Ana aproxima-se da mesa. Fala com o meu pai sobre fotografias ou algo assim, não percebi muito bem. Olho para o meu pai e vejo que ele limpa as lágrimas. Ah, essa fotografia, pensei. Já me tinha lembrado dela, principalmente quando tirámos a foto dos primos. Pai limpa as lágrimas. Faço sinal à minha irmã, ela abana a cabeça. Controlo as lágrimas, mais uma vez. Mas tudo bem.
Tarde fora. Dedicatórias. Primeiro no livro do Tomás. A minha irmã leu a dedicatória da Isabel, tia e madrinha do puto. Chora de emoção e eu digo que sei o que ela sente. O que é ser tia e madrinha. Somos as segundas mães, disse a Isabel. Eu concordei e lancei aqueles olhares ao meu puto. Coisa fofa da tia. Amo-te. Pronto, é simples. E prometo à minha irmã que há-de ser a madrinha do meu primeiro filho.
Dedicatória. Livro do casamento. Aproximo-me da minha irmã e da Isabel. Estão as duas a chorar. Pronto, pensei, é agora. Leio a dedicatória. Choro. Que o que ele mais gostava era destas festas em família (isso, chora mais...) e de ver toda a gente alegre. E chorámos as três juntas. A minha irmã escreve a dedicatória dela, e mancha o livro com uma lágrima. Eu escrevo a minha. Chorámos. Passou, levanta a cabeça e sorri.
Noite dentro. À mesa. Ficaste triste... disse-me a minha irmã. Encolhi os ombros. A Isabel aproxima-se de mim e da minha irmã a chorar. Ela leu as nossas dedicatórias. Beija-nos às duas. Chorámos mais um bocadinho. Que merda. Fazes-nos falta. É isto. É mesmo só assim. Não gosto de ver o meu padrinho dum lado para o outro. Não gosto de andar a procura dos tios e do meu pai e lembrar-me que agora é menos um. Não gosto. Não gosto. NÃO GOSTO. Fazes-nos falta.
Baile aberto. Ninguém da nossa gente dança. Reparei nisso. Pode só ter sido coincidência, mas duvido...
Oportunidade e ligo-te. Gosto de falar contigo. Fazes-me bem.
Podia ter sido pior. Muito pior mesmo. Mas todos tivémos noção que o dia não era para te chorar, mas sim para comemorar. Foi o dia da Andreia, do Eduardo e do Tomás. E, no geral, correu mesmo bem. As lágrimas não foram evitadas. Nem as de alegria, nem as de tristeza. Amanhã há mais.
Felicidades...