Friday, March 31, 2006

A foto






















Well, that's pretty much it...

Procurei em todas as gavetas da casa. A minha mãe há pouco tempo tinha falado desta foto. Não sabíamos dela. Procurei em todas as gavetas. E ela estava no meu quarto.

Tinhamos o quê? Três, quatro anos? Por aí...

O menino do cabelo à tigela e a menina dos caracóis...

Eu amo esta foto... e em caso de dúvidas, eu sou aquela figura das calças amarelas e em cima do escadote.


and i'll remember you
and the things that we used to do
and the things that we used to say
i'll remember you that way



A Casa Verde

Finalmente. Pensei, porque não ir até lá? E quando vi o teu carro parado à porta, juro que tive que me controlar para não desatar a correr. Mas por dentro já estava aos saltos. Passei o teu portão, falei com o teu avô. Entrei pela porta que me cabe. Não a da frente, das visitas. Mas a do quintal, da família. A tua mãe abriu a porta. Estavas a dormir!

Só tu... E falaste. Uau, tu falaste. Contaste tanta coisa. E estás tão diferente. Não esperava ver-te assim, e adorei ver-te assim. Falamos... de nós, da escola, do trabalho, das pessoas que nos rodeiam... Falaste delas, eu falei dele... adorei quando repetiste o nome dele. E rimos. E gozamos com isto e com aquilo. Expert!

Só tu... ter estado ali, contigo, naquele quarto. Tudo na mesma. Tens as mesmas fotos, nos mesmos sítios. Os mesmos objectos. E tu... estás diferente. Em tanta coisa. E falámos... E foi como sempre foi. Mas desta vez foi diferente. Entendemo-nos. E tu falaste mesmo! Contaste o que tinhas andado a fazer, e eu claro, que te critiquei! Mas tu concordaste comigo!

Só tu... fizeste questão que eu soubesse disto e daquilo. Onde vais naqueles dias, com quem vais ter, fazer o quê. Não esperava isso de ti. Não esperava que fosses falar assim comigo. Anos depois e... está tudo na mesma. Acho que mehor ainda.

O clube de fãs... SÓ TU!!! Estás com uma vida tão diferente. E com uma maneira tão diferente de encarar as coisas. E cabrão!! Sim, e tu concordaste!!

Foi tudo, a maneira como falaste e as coisas que falaste. E eu, claro, tinha aquilo há meses para te contar. Tu tinhas que saber. E tu entendeste!!! Tu entendeste mesmo! Como é que disseste? Esse tipo de situações parece que liga mais as pessoas, ya, eu percebo. Sim, foi isto. Eu arrisco mais que tu. E eu ri, lembrei-me da promessa que fizeste há... ... cinco, seis anos atrás? Por aí...

E falamos dos cursos da fábrica. Queres acabar o Secundário. Mas pela primeira vez olhaste para mim e really meant that.

Não sei, não sei... tu és mesmo assim. Dezanove anos depois e... não sei...

Dezanove anos...

O baloiço debaixo da árvore. A mesma árvore em que esperavas por mim nos dias de chuva quando íamos para a escola. A fotografia do escadote. Não sei dela, mas sei-a de cor. E ainda se contam piadas cá em casa das vezes que vinhas ter comigo e nós aqui ainda estávamos a almoçar ou jantar. Ou vice-versa. Não tínhamos horas, éramos da casa um do outro. E as noites no quintal, com o Rex em cima de nós? E a tua garagem? E a tua varanda? E a meu quintal?

E nós? Nós nunca arriscámos. Fizemos bem, ainda penso assim. Durante anos falámos nisso. E havia sempre outras pessoas. Mas nunca pensámos em nada daquilo que falámos hoje. Acho que no fundo sempre soubémos qual o nosso lugar na vida um do outro. Hoje, isso mais uma vez ficou provado. Hoje falámos de riscos. Será que hoje arriscaríamos? Acho que não. Chegaríamos à mesma conclusão. Como sempre. E talvez faríamos o que sempre fizémos. Mas acho que agora não seria capaz. Sempre tivémos as nossas condições. Nós nunca arriscámos.

Mas disseste que fiz bem em arriscar. Também acho, e depois expliquei-te.

E as viagens diárias? Mesmo na altura em que começámos a nos afastar era isso que tínhamos, e tantas vezes dormi eu no teu ombro. Muitas vezes ríamos, falávamos, as tuas piadas... As nossas figuras! E os fins de semana, também nossos. Passeios de bicicleta. Tanta coisa. Jogos. Tanta coisa. O nosso esquema. Na minha casa brincamos ao que eu quero e na tua brincamos ao que tu queres! E lembras-te quando te obriguei a ler? Tu nunca gostaste de ler e eu odiava isso em ti, então um dia obriguei-te a ler!

E lembras-te no décimo ano, das nossas conversas? Que loucura. Longas horas na tua varanda. Porque foi que nos afastámos? E porque é que agora, depois deste tempo todo, és como nunca tinhas sido?

Sei lá! És tu, man!! Só tu... a Ana uma vez disse que se a vida fosse uma novela, um filme ou uma série, nós os dois já teríamos o nosso final feliz destinado! E fiquei a pensar em ti. Como sempre fico. E sorrisos... E a minha mãe notou. O que é que foste falar com o Alexandre? Posso saber? Ela ria-se, mas eu percebo-a. Não tem sido todos os dias que chego a casa com um sorriso enorme a dizer que vim da tua casa.

Passei uma semana cansada, com sono, dores de cabeça. Mas tu apagaste isso tudo. E sempre foste capaz de me pôr a rir naquelas alturas. Não, espera, em qualquer altura. Não te disse que ele era parecido contigo. Mas é. Depois digo-te. Também não precisei de te dizer o que sinto para tu perceberes. O teu olhar parou quando falei nele e tu sorriste. Não foram precisas palavras. Já sabes como eu sou. E eu sei como tu és. E eu sei que soubeste, porque sempre que falei nele tu paravas. Tu sabias.

Até de cabelos falámos!! Sim, porque estás com um cabelo que é uma coisa mesmo estranha! Mas já me habituei a ver-te assim.

E acho que não disse metade do que queria dizer. Mas domingo lá estarei. E mandamos mensagens. Depois daquilo que me contaste? Duvido... Mas domingo lá estarei. Porque tu não te enquadras em lado nenhum. És mais que qualquer definição.



i'll remember you always

:) damn, damn you...




Thursday, March 30, 2006

10 Things I Hate About You

I hate the way you talk to me
And the way you cut your hair
I hate the way you drive my car
I hate it when you stare
I hate your big dumb combat boots
And the way you read my mind
I hate you so much, it makes me sick
And even makes me rhyme
I hate the way you're always right
I hate it when you lie
I hate it when you make me laugh
Even worse when you make me cry
I hate it when you're not around
And the fact you didn't call
But mostly, I hate the way I don't hate you
Not even close, not even a little bit and not even at all




yeah, yeah...duas horas de sono, mas tinha que ver...



Wednesday, March 29, 2006

No barco...

- Já vai para um mês que o teu tio Jacinto morreu não é?
- Não. Faz dois. Dia sete.
- Parece que foi ontem que ele morreu.

Isso, falem outra vez nisso. Isso, segura outra vez as tuas lágrimas. Mas agora, no barco, a caminho de Lisboa, depois de ter falado com a minha Anokas, não as seguro. E ela percebeu. A tua voz está coisa. Lembrou-me alguém. Parece que não tenho mesmo como vos esconder nada.

E ontem, no carro, o meu pai levou uma senhora de Coina. A filha está doente. Muito doente. Agente chega a um ponto que perdemos a fé, perdemos tudo.

Às vezes sabia bem que alguém falasse de coisas boas. Acho que é por isso que tento ligar-lhe há algum tempo. Mas acho que nestas coisas tu... sei lá, só tu... me consegues animar. Com aquele teu jeito. Não entendo a tua insitência na minha cabeça. Não entendo porque não sais. Não entendo porque tens estado tão presente ultimamente.

Não sei. Mas as saudades... de tudo... de tantos... tio, Anokas, tu... começa a custar cada vez mais. Só quando penso nela é que não me dá vontade de chorar. Agora quando penso no meu tio ou em ti, é quase automático. Ele desperta lágrimas, e aqueles sorrisos que são acompanhados delas. Mas tu não... tu (ainda) despertas muitos sorrisos. E (agora) apertos. Não sei porquê.

Começa a custar pensar em ti. Mas é impossível não pensar. (segunda pessoa ainda, sabias?) Continuo a sentir as mesmas coisas. A querer as mesmas coisas. Da mesma maneira. Eu disse-te. Nada mudou mesmo.

Mas acho que ando a querer demasiadas coisas erradas / impossíveis. Queria o meu tio no casamento da Andreia (lágrimas), com as palhaçadas dele e do meu pai. Quem é que vai fazer agora as palhaçadas contigo? As palavras da Isabel. A foto ainda lá está. Queria o meu tio no segundo dia, em casa da Andreia. E queria o meu tio nas outras festas que certamente vamos fazer na casa dela. E queria que nada mudasse. Que ainda estivesses vivo e continuasses com as festas em tua casa, para espalhar a tua boa disposição.

Mas isto é impossível.

Queria ter continuado a falar com a Anokas. Mas não tenho mais dinheiro. Ela tem o computador avariado e eu não tenho net. Talvez lhe ligue quando chegar a casa. Sinto a falta dela. Ana Filipa miúda... as piadas, a amizade, o companheirismo...

[saída do barco, autocarro]

[na faculdade]

E tu... o que mais posso dizer de ti? Começa a custar. Antes eu dizia-te o que sentia. Não tinha medo de o dizer. E agora, mesmo depois do que disseste. Porque sou eu (...) O menino. Mesmo assim... Que mais a dizer sobre ti?...



16:30 /17:30 horas




You've Got Mail

You've Got Mail foi uma péssima escolha. Escusado será dizer que adorei o filme. Chorei de uma maneira... Pensei e senti tanta coisa ao mesmo tempo. De certa maneira, tudo me pareceu irónico. A internet. As conversas. O frente-a-frente diferente. A facilidade das conversas. Os sentimentos. Não chorei só pelo filme. Chorei por mim. Porque o filme teve um final feliz. E porque é esse o objectivo das comédias românticas. Mas foi mais do que isso. Foram aqueles paralelismos todos associados aos meus pensamentos durante todo o dia. Foi aquele sentimento de "yeah, I know exactly how you feel", e lembrar que isso pode ser tão bom. Foi chegar àquela parte e pensar que nós também não, mas eu não reagiria assim.

And I miss you. I miss you so much. Damn the film. Damn, damn...

Acho que vou para a cama. O cobertor já está pronto para ir comigo.



Blanket night...


29.Mar.2006
+/- 1 /2 horas
(fiquei sem net)



Too Long

Os meus olhos procuraram-te hoje, mas não te encontraram. O meu pensamento divagou, divagou e parava sempre em ti. Sempre em ti. Não consigo deixar de pensar que isto está errado. Não era assim que deveria ser. Não era assim que eu pensei que fosse. It's taking too long. Começa a doer. Começa a custar. Muito. O pior é que nem se posso dizer que tento. Porque não acho que tenha tentado. Não sei. Isso parece inútil.

Às vezes penso e dói muito. E em vez de estar a ser cada vez mais fácil, está a ser cada vez mais difícil.

Bolas, eu não consigo controlar o meu pensamento. Não consigo controlar as coisas que sinto. Aparecem. Eu não as chamo. Mas basta uma coisa. Uma coisa lembra-me e pronto... E hoje o meu pensamento andou estranhamente em ti. Muito. Muito mesmo. Demasiado. Eu não queria que (ainda) fosse assim.

E custa. E começa a custar cada vez mais. It's taking too long. E depois há dias assim. Piores que outros. Parece que não controlo nada. Odeio isso. Mas é mesmo assim. E dói. Começa a doer cada vez mais.

[the long road. pearl jam]

Devia ser mais fácil. But it's just taking too long. I wish I knew how to let go. I wish I knew how to let you go. But I don't. I really don't.



How I wish(ed) for you today...


28.Mar.2006
+/- 23 horas
(fiquei sem net)





Monday, March 27, 2006

Just because

[tremor christ. pearl jam]

Só porque tu soubeste. Eu vi logo. Eu não disse nada e tu soubeste. E lembrei-me logo. Não, não mudou. Tu sabes disso. E porque fui amparada. E porque te contei e não me senti mal em o fazer. Porque tu perguntaste. Mas principalmente porque soubeste. E senti-me arrancada para um tempo anterior a este. E sorri. Porque tu soubeste. Apenas vi logo.

[all those yesterdays. pearl jam]


coração apertado reconfortado.



Sunday, March 26, 2006

à mesa

tenho medo de morrer. tenho muito mais medo de não viver. a morte bate à porta de todos. a vida não. tenho medo de ser consumida por uma doença que me faça pensar na minha vida. tenho medo de pensar na minha vida e não gostar do que vivi. tenho medo de me arrepender. tenho medo de não viver.



apenas pensamentos, à mesa, com visitas em casa



crash

ok, pronto... o óscar até que não foi mal entregue. gostei bastante do filme. aliás, prendeu-me mesmo. tive alturas em que precisei lembrar-me que estava a beber chá e que devia estar a ficar frio. cenas brutais, de cortar a respiração. lágrimas, até. vi ontem à tarde e à noite comecei a ver novamente, e voltei a ficar presa, mas estava com sono.... muito mesmo. próximo passo: convencer a mãe e o pai a verem o filme, também! já deixei a dica... vamos a ver!

:) **********

Thursday, March 23, 2006

Little dance in the rain

O momento mais cómico da semana, talvez até do ano (até agora) e depois, chuva! Rimos que nem umas perdidas... Gone with wind... Bem, já que não há nada a fazer, vamos de aproveitar a chuva.

Que tímida... De cabeça baixa, casaco fechado até cima. Medo de água? Vai passear! E levantei a cabeça em plena Baixa Lisboeta. A chuva picava-me a cara. Poças de água. A cara já escorria. O casaco manchado das cores da mala. Cabelo a pingar. Todos corriam. Mas eu não. Esperei muito tempo por uma oportunidade destas. Chuva. E senti-me muito bem.

Já há muito tempo que não me sentia assim. Desde 7 de Fevereiro, se bem que houve outro dia... Mas isso foi diferente. Estava livre. As coisas vão ficar todas molhadas, pensei. Mas não faz mal. E mesmo que fizesse, o que é que eu podia fazer? Chuva. Água a escorrer. Todos corriam. Mas eu não. Não tinha pressa.

A chuva caía e picava a minha cara e eu estava mesmo feliz. Tudo calmo. Aquilo resolvido. Está tudo bem entre nós? Gargalhada... E aquilo...hoje senti mesmo a tua falta. Foi estranho, porque desde que te foste nunca tinha estado assim. Tirando, claro, as vezes que estive com ele. E foi por isso que foi mais estranho. Não estava lá ninguém. Eu estava sozinha e estava mesmo bem, e isso nunca mais tinha acontecido desde que te foste.

A chuva escorria e eu pensei em ti. E como as coisas estão agora. Chuva. Sorriso parvo. Memórias tuas e dele. Levanta a cabeça, não estás suficientemente molhada. E sorri, porque ele foi e ele não está, mas ele olha por ti e ele é ele! (it makes sense on my head...).

Quase em casa. Pai, não estejas já em casa, quero ir para debaixo da chuva sem a preocupação das coisas molhadas. Casa. Vazia. Deixa as coisas em casa, tira o casaco, solta o cabelo. Chuva. Fraca, fraca. Estava mais forte em Lisboa. Mas é chuva. A casa verde. Chuva, chuva.

Banho quente. Pijama. Chá. Cobertor. Filme na sala. Pai em casa. Está bem, eu tiro o filme, mas só porque fazes anos e eu gosto de ver filmes sozinha. Guilherme quase a chegar. Festa.

Isto para dizer que as coisas são mesmo assim. Voltas e mais voltas. Chorava todas as noites. A foto ainda lá está, tio. Não a tirei. E não vale a pena, quando estamos todos juntos, estamos com o pensamento em ti. E as lágrimas chegam e eu impeço-as. Mas não agora. Não aqui. Ninguém me vê, e eu posso chorar. E as coisas estiveram mesmo mal. Primeiro tu, depois aquilo e depois a sequência. E eu chorei muito. Muito mesmo. E estive mesmo triste. Mas como tudo passa, também isto passou. E sorri quando tive que sorrir, e chorei quando tive que chorar (porque nem tudo são dramas).

E caí. Mas levantei-me. E hoje à chuva ergui a cabeça. E olhei para cima. E pensei em vocês. Todos mesmo. E para não haver hierarquias, ordem alfabética: Ana, Anokas, Bruna, Catarina, Chico, Eliana, Inês, Iolanda, Jason, Joana, mana, Manata, Marim, Marrocos, Marta, Miguel, Philip, Rogério, Sari, Sérgio, Tatiana, Xary. Obrigada a todos.

Sabem o que pensei? Às vezes a única coisa que nós precisamos é parar and do a little dance in the rain. E quando a queda é grande, a subida é ainda mais a pique. E vocês, cada um da sua maneira, ajudou na subida. Uns com palavras de preocupação, outros com gestos. Cada pessoa faz falta por motivos diferentes. No matter how cold the winter there's a spring time ahead. Just stop and do a little dance in the rain. Apesar de tudo, temos sempre muitas coisas pelas quais agradecer.

E a minha maior alegria está mesmo aqui a chatear-me o juízo e a pedir-me para jogar computador. E ainda por cima, disse que gostava do desenho do Sporting do Miguel... Ai Cristo... O puto não se cala com os dinossauros. Bem, vamos ver dinossauros!!

:)


Tuesday, March 21, 2006

Be a girl

[bee girl. pearl jam]


A menina sentava-se à janela. Tinha uma arca antiga debaixo da janela e sentava-se lá. E escrevia. A menina escrevia num caderno de capa preta. Às vezes olhava para as estrelas. Outras para o Sol ou até para a Chuva. E escrevia.

A menina pensava. A menina costumava sorrir com aquilo que pensava. Era uma menina. Não tinha passado pelo que passou até hoje. Agora a menina lembra-se de rir muito. De chorar de tanto rir. A menina lembra-se de ter sido muito feliz. A menina lembra-se de ter chorado. Chorado de tanto sofrer. A menina lembra-se de ter sofrido muito.

A menina costumava sonhar. Sonhava com o seu ideal. Um dia, pensava a menina, iria encontrar um menino. Um menino de quem a menina gostasse muito, muito e que gostasse muito, muito da menina. E ia ser como a menina tinha sonhado.

A menina no seu castelo irreal. A menina menina. A menina mulher. A menina sentava-se num barco que não existia só para sentir o vento na cara. E o vento perguntava à menina porque chorava ela. E ela dizia que chorava pelos motivos pelos quais sorria. Sorrio quando estou feliz. Choro quando estou triste. O vento não entendeu. Uma menina não deve chorar. Ninguém deve fazer uma menina chorar. Mas a menina, pacientemente, com uma mãe que explica a coisa mais simples ao seu filho, perguntou ao vento porque é que às vezes ele soprava com muita força e com muita raiva e outras não passava de uma brisa que os meninos sentiam na cara quando andavam de baloiço. O vento calou-se e foi-se embora na forma de brisa.

A menina saía pela janela e ia sentir a chuva na cara. Mas depressa, para a mãe e o pai não verem. A menina fechava os olhos, enquanto as gotas caíam e escorriam pela sua cara. A menina sorria. Depois chorava. A menina saía pela janela para se deitar na relva ao Sol. Mas depressa, para a mãe e o pai não verem. A menina fechava os olhos e sentia os olhos a arder com o calor do Sol. Fechava os olhos, mas ainda via claridade. E abria-os e olhava as nuvens. A menina sonhava.

A menina tinha um andaime. A menina subia para o andaime para ver como era o mundo visto de cima. Via-se a casa verde do andaime. E da casa verde via-se o andaime. A menina sentava-se no andaime. A menina sonhava. Um dia vai ser assim, pensava a menina.

A menina saía pela janela à noite. Depressa e baixinho para a mãe e o pai não acordarem. Voltas e voltas. A menina andava o mesmo caminhos todas as noites. A menina sonhava. Horas e horas a menina passava a andar. Procurava a Lua. Sabia as fases de cor. E sabia onde ela estava àquelas horas. E do caminho via-se a casa verde e a casa azul. E da casa verde e da casa azul via-se o caminho.

A menina ria alto e chorava baixinho. Não vá o vento se chatear. A menina não gostava do vento irritado. A menina chorava ao Sol ou à Chuva. Mas baixinho para a mãe e o pai não verem. Porque chorava a menina? A menina pensava. A menina sonhava. As lágrimas caíam. A menina não sofria. A menina não ficava triste. As lágrimas caíam. Olhava para os sonhos tão bons, tão bons. Que sentimento mau se não se realizarem. Pensava a menina. A menina sonhava.

A menina ainda sonha. Muito, muito. Sonhos bons, imaginação fértil. Mas a menina lembra. Lembra de quando aquilo era parecido com os sonhos. A casa verde. O menino com o cabelo à tigela. Cara de menino, onde andas tu? O menino, menino. O menino. A menina quer sentir a chuva.

Deixa-me chorar um bocadinho, vento. Só se prometeres que vais ser mais feliz. Prometo. Promtes, prometes? Sim. E vais para o andaime? Já não está lá, vento. E a relva? Suja, suja, vento. A chuva? Cai devagarinho, não tenho tempo. O Sol? Sim, senti-o hoje. Picou-te os olhos? Não, era fraco. E fechaste-os? Não... E o caderno preto? Mudou de nome. A casa verde? Ainda está lá, vento. Vejo-a todos os dias. Tens ido lá? Não... A casa azul? Ainda está lá, vento. Vejo-a todos os dias. Tens ido lá? Às vezes. O menino do cabelo à tigela? (a menina sorri, mas não responde. o vento compreende). O menino? Qual menino, vento? O menino, menino? Está bom, adoro-o, vento. Ainda? Sim. Tens andado? Não. O caminho mudou? Não. Muda de assunto, vento. A janela? (a menina olha para a janela) A janela, vento? Sim, a janela? Sabes, vento, ainda sonho. Castelos? Sim, e mares e montanhas e casas às vezes. E o menino? Também. Quem é? Não sei. Não sabes? Acho que não. E a janela? Sabes, vento, ainda sonho.


[bee girl. pearl jam]




: )

[3 doors down. landing in london]


sorriso-não-parvo-mas-bom-e-feliz.

E é assim que deve ser. A cama chama por mim. Sei que vou dormir bem, outra vez. E mesmo que o meu segredo se repita, acho que não me vou importar. A cama chama por mim e eu vou aninhar-me nela. E sorrir. E sei que vou dormir bem. Finalmente. Finalmente, é a palavra que mais sentido faz neste momento. A cama chama por mim. Mas adio o momento. Mas eu vou. E fico lá quentinha. E relembro. Aqui onde estou. A cama chama por mim. E eu sorrio. Who cares? Sei que vou dormir bem.


[3 doors down. landing in london]



:)

Monday, March 20, 2006

The Morning After

E não é melhor assim? Para que raio tens que complicar tudo? Apesar de que nada, mas nada mesmo, justificar aquilo, é assim que deve ser. É assim que deve ser porque é assim que nós somos. Não mudes isso. Motivos estúpidos não valem a pena. E puseste a cara! E apesar de saberes que eu odeio isso, e apesar de eu saber que fizeste de propósito, eu percebi a ideia.


E durmi a noite toda seguida. (oh well, nem tudo podia ser perfeito. segredo meu.)




[the wings. gustavo sataolalla. brokeback mountain soundtrack]



Sunday, March 19, 2006

Untitled nº2

[banda sonora. brokeback mountain]

Mais uma noite mal dormida. Porque acordo e penso em ti (?). Porque me vêm à cabeça as palavras que dissémos, aquelas que não dissémos e aquela que deveriam ter sido ditas. São os já famosos twisted thoughts. Acordo. Tu. Voltas na cama. Talvez eu tivesse dito isto. Não, assim foi melhor. Ele que se foda. Não. Assim também não. Assim também não porquê? Oh, sei lá! Deixa-me.

Voltas na cama. E adormeço. Mas tu voltas. Sempre assim não é? E acontece isto ou aquilo e eu já durmo mal. E odeio-te(me) por isto. Mas quem pensas tu que és para me afectares assim? E quem pensas tu que és para me teres feito o que fizeste? Não. Vai à merda. Lá porque ontem foi assim, não muda nada. Ouviste? Não te deixo. Não te admito. Não voltas a fazer aquilo. Ouviste? Não te dou outra oportunidade. Sim, porque tu agora não me contas nada. Disseste tu. Vai à merda! Like you care. Sim, porque logo a seguir disseste que não querias saber.

Óptimo! Dás-me razão. Dás-me (ainda) mais motivos e força para fazer o que queria. Custa-me. Porra. Contigo é sempre uma montanha-russa. E nem sempre no bom sentido. E já te disse isto uma vez. E ontem disse-te que abusas. E tu disseste que não te apercebias. Vai à merda. Não és nenhum miúdo.

Mas não consigo. E ontem ficou provado. Pior ainda. Nós não conseguimos. Ainda é comigo que vens ter para aquelas brincadeiras. E eu continuo a alinhar nelas. E tu explicas. E eu fico do teu lado. E digo que és estúpido e cruel. E tu ris-te. E eu também. Cruel é giro. De onde é que isto já vem? Mas digo-te isso. E muito mais. Tu ris-te e dizes don't push it. Eu rio. Tu sabes que eu digo se for preciso. Tu sabes que também não fico calada. Tu sabes. Porque me conheces.

E eu pergunto. Então? Porque não me disseste nada? Também no outro dia a Tati aplaudiu a minha preocupação, apesar de tudo. Foda-se. I still care.

E isto tudo dá-me raiva.

E ainda não consegui esquecer o que me disseste uma vez ao telefone. Eu estava a contar-te o que se andava a passar na minha cabeça. E tu disseste. Ninguém te conhece como eu. E tu sabes isso. Por muito que fales com quem quer que seja, ninguém te conhece como eu. Tu és como eu. E sabes isso. E eu sorri. E pensei. Sim, é verdade. Só tu para dizeres o que eu vou pensar ou dizer no dia seguinte e ser exactamente isso que me está a passar pela cabeça. Tu conheces-me.

E odeio isso. Os teus olhos não mentem. Disseste tu uma vez. Disseste tu naquela noite. E continuaste. Mas há alguma coisa que te dá para trás, mas que eu ainda não descobri o que é. E eu, mais uma vez, sorri. Expliquei-te. Tu entendeste. Senti-me nua. Para ti não tenho segredos. Nunca os tive. Não os consigo ter.

Sinto-me transparente. Porque nós dizemos quatro ou cinco palavras e sabemos se o outro está bem ou não. Ou pelo menos era assim. Tanta coisa mudou. Mas, nada mudou.

Da primeira vez que falámos perguntaste como estava o meu coração. Ironia. E demos os dois graças por estarmos sozinhos. Ironia. Isso faz-me rir. Tira as últimas semanas e sê o meu menino. Porque apesar disto, ainda não houve quem me fizesse dizer o que te disse a ti. E, mais uma vez, penso que o meu esforço é por respeito a esse tempo. Olha bem o que tu foste fazer. Quero-te perdoar. Mas. Dou para trás. Olha, não sei. Sei que isto era muito mais fácil quando era a sério. Quando consegui falar contigo, chegar a ti. E no fim, perguntavas. Estamos bem? E eu sorria, e dizia. Nunca estivémos mal.


[banda sonora. brokeback mountain]



I wish I knew how to quit you



Saturday, March 18, 2006

More Music

Ah pois é...brand new! (at least for me!!)


the verve. all this music (album)
richard ashcroft. human conditions (album)


personal thanks :)


definitely feeling better...slowly...

a começar a sentir falta do eddie!!!



Friday, March 17, 2006

Music

Muita música mesmo. Antigas. Novas descobertas - Remy Zero.
Aquelas que ouvia há alguns anos. Lindas, lindas. Roswell mood também.
Tarde passada com a Xary, Marim, Dorinha, um bocadinho do Philip, um bocadinho da Catarina, e, a partir de certa altura, Miguel. E muita música mesmo.

Aquelas músicas com aquelas letras. Porque é assim que sou. Gosto de me rever nas músicas que oiço. Hoje só ouvi uma vez Pearl Jam. De manhã, antes de sair de casa. Black. Claro.

E o Roswell mood. Lembranças (ainda mais). Perfect Memory. Não me sai da cabeça. De certa maneira, lembra-me de ti, e da maneira como te quero recordar. I'll remember you that way.


Muita música. Aqui vai ela.

remy zero. perfect memory (roswell)
remy zero. i'm not afraid
remy zero. life in rain
remy zero. save me
remy zero. belong
remy zero. smile
remy zero. impossibility
creed. with arms wide open
creed. one last breath
creed. higher
3 doors down. landing in london
lit. miserable
bush. the chemicals between us
bush. come down
lamb. gabriel
jewel. absence of fear (roswell)
david gray. my oh my (roswell)
ash. shining light (roswell)
ivy. undertow (roswell)




i wish... i wish this all could have been diferent. i wish that so much.
(roswell, ao som de my oh my)



Perfect Memory

remember how they always seemed to know
we had the forest in our eyes
but the earth was in our clothes
and they thought we'd fall
not at all

so look back on the treasured days
we were young in a world that was so tired
though is not what we wanted before
even the saints had to crawl from the floor
summers when the money was gone you'd sing
all your little songs
that meant everything to me

and i'll remember you
and the things that we used to do
and the things that we used to say
i'll remember you that way

remember how they tried to hold you down
and we climbed those towers
and looked down upon our town
and everything you hoped would last
just always becomes your past (it hurts)
summers when the money was gone you'd sing
all your little songs that meant everything to me

and i'll remember you
and the things that used to do
and the things that we used to say
i'll remember you always

but then this world
slipped through my fingers
and even the sun seemed tired
i still cared
as i lowered you down
my heart just jaded
in that moment the earth made no sound
but you were there
you helped me lift my pain into the air

and i'll remember you
and the things that we used to do
and the things that we used to say

if it don't hurt you
it won't hurt me
if it don't hurt me
then it won't hurt you
if it don't hurt you
it won't hurt me i know


perfect memory, remy zero (roswell)



no need for personal comments here...




Outra vez

E lá estávamos nós todos (outra vez). As mesmas caras (outra vez). A chorar (outra vez). Aquela tristeza espelhada no rosto (outra vez). Unidos (outra vez). Uma pessoa, duas pessoas, três pessoas, tantas pessoas, as mesmas pessoas (outra vez). Lágrimas que caem (outra vez). Expressões que dizem "vai-se andando" (outra vez). Olhos que estão fartos disto e não querem estar ali (outra vez).

Olhei para o Elias. Carinhoso com a irmã. Atencioso. Mas calei-me. Transmissão de pensamento. A minha mana virou-se para mim e disse "O Elias é mesmo querido". Sorri. Estava mesmo a pensar nisso.

As perguntas (outra vez). Como vão as coisas? Vão indo. Cá estamos (outra vez). Encolhe-se os ombros (outra vez) e deseja-se por melhores dias (outra vez). Lágrimas (outra vez). Já nem se controlam. E onde ficam as coisas boas? Lá fora (outra vez). Aqui não há lugar para elas. Não aqui. Aqui só há dor e lágrimas (outra vez). E uma família reunida (outra vez) em redor do mesmo. Os olhares não param de circular. Poucos poisam sobre o corpo. Alguns de lá não o desviam.

E dão-se mãos e fazem-se festas nas costas, ombros e braços (outra vez). E dão-se abraços (outra vez), e de alguma maneira queremos esquecer, mas sabemos que é impossível. Agora não somos nós que importamos. Isso, faz-te forte para os outros (outra vez). Assim é com a minha geração. E engole as putas das lágrimas (outra vez) para que não te vejam chorar e fraquejar. Foda-se, tu não chores! Não és tu que importas e há quem precise de ti. A Andreia percebeu. Aproximou-se. Encostou a minha cabeça no ombro dela. Já resolveste o problema da luz? Mudei de assunto. Já, era uma tomada na casa-de-banho. Sorri. Ainda bem que isso está resolvido.

E levantamo-nos e todos rezam e oram, mas eu não. Dantes ainda dizia o Pai Nosso e a Avé Maria. Agora já nem isso. Eu não. E encomenda-se António da Conceição Silva. E chora-se (outra vez).

Fui com a minha irmã. Ela estava sozinha. Acho que o Pedro só o viu no casamento.


Obrigada por teres avisado a minha Adriana.
De nada, tia.


Funeral.


eu: vêm ao casamento da andreia?
tia glória: a vontade não é nenhuma.
eu: eu sei, tia. mas que culpa é que ela tem?
tia glória: eu sei, filha... tens razão...
eu: ela tem feito as coisas com tanto gosto. e gostava tanto que vocês viessem...
tia glória: a tia sabe. e ela coitada também tem passado um bom bocado. mas a ti se vier é mesmo sem vontade.
eu: eu sei que é complicado, tia, mas era um gosto que faziam a ela. ela ja tinha tudo preparado... se nos juntamos para as coisas más, também nos juntamos para as boas né?
tia glória: eu sei, filha...



boas viagens (outra vez)
beijinhos aos meninos do Elias, da Isabel (outra vez). não deu para despedir de toda a gente.


E chega-se a casa, e o que se sente é um mal estar geral (outra vez). Escreve-se e ouve-se música. Alivia. Aquilo é como um nada comparado com isto. The humam heart does not bear everything...

Adeus? Não sei.

Black. Live on two legs. A live at Portugal não. Lembra-me daquilo. Raios partam as memórias. Raios partam as palavras ditas. Raios (te) partam. Já mão sei que mais fazer, que mais pensar. Optei por pensar em tudo, apesar de me doer. Optei por não fazer mais nada, para não me magoar mais. Mas odeio este não fazer nada. Odeio ser para ti como tens sido para mim. Afinal, não somos assim tão iguais.

Cansei-me. Fartei-me. Atingi o meu limite. Não entendo mais de metade das coisas. Elas não fazem sentido. Não para mim. Não faz mesmo sentido. O que foi que aconteceu? Sempre foste assim e só agora é que eu percebi? Não. Isso não é verdade. Eu já sabia que eras assim. Mas não entendo porque estás a ser assim comigo. E agora. Não faz(es) sentido.

Fui esgotando a minha paciência. Houve coisas que fui aguentando. Aos poucos. Pensando no passado e ia aguentando. Porque foi desta maneira ou da outra e eu respirava fundo e eu aguentava. Por respeito àquilo. Por gostar tanto daquilo (de ti). E também porque às vezes ainda era como foi e eu achava que eram fases e que voltaria a ser. Porque era como foi. E eu respirava fundo e aguentava.

E tentava. Dia após dia. Tudo. Tudo o que eu podia. Mas não obtinha (obtenho) respostas. E continuava a respirar fundo e a aguentar. E tentava (outra vez).

Pequenas merdas. E esta é uma delas. Não gosto de desistir. Nem para o meu próprio bem. Mas eu prometi. Prometi. E agora tenho que desistir.

Não admito, entendes? Entendes, porque aqui somos mesmo iguaizinhos. Não admito mesmo. Às vezes só gostava de saber se a culpa foi minha, por ter acreditado em ti. Nas coisas (...) que me dizias. Nas coisas (...) que fazias. E eu contava-te os meus medos. Os meus medos em relação a ti. E tu dizias que os compreendias, mas que eu nãp precisava de ter medo. Dizias que eu podia dar tudo, porque a última coisa que querias era magoar-me. E dizias que eu podia confiar em ti. E disseste muito mais. Sim, talvez o erro fosse meu por ter acredito em ti.



[pausa longa]


vou agora fazer o mai erro que podia fazer.

lágrimas.



E quando estava nesse erro, percebi. Será que percebi? Será que estás (novamente) a fazer isto devido àquele medo que é nosso desde o início? É disso que tens medo? E é por isso que estás a ser assim? (vontade de não desistir). Não sei. Mas não gosto de como é, e isso agora, basta-me. Adeus.


escrito cerca da uma ou duas da manhã. fiquei sem net, mas tinha que escrever.





Wednesday, March 15, 2006

Telefonema n.º3

tia fatinha: estou sim, bom dia.
marina: tou, tia. é a marina.
tia fatinha: ai filha. tu já viste bem a nossa vida?
marina: é verdade...
tia fatinha: isto uma pessoa nem se levanta duma, que já lhe aparece outra. fomos embruxados de certeza. que raio de vida a nossa.
marina: é verdade, tia. e ainda não sabem de nada né?
tia fatinha: não. a prima ligou a caminho do hospital para a isabel. disse que estava aflita, que tinha que falar cm alguém, por isso, a isabel deve ter sido a primeira pessoa com quem ela falou. aquilo ela desconfiou logo que fosse coração.
marina: pois. a isabel depois ligou à minha mãe, e ela ligou-me.
tia fatinha: estás na escola?
marina: não, ainda estou em casa.
tia fatinha: e o pai?
marina: ou está lá fora, ou ainda está no café.
tia fatinha: mas ele já sabe?
marina: já, já.
[silêncio. nó na garganta]
marina: e a andreia?
tia fatinha: oh, filha... a andreia está de rastos, coitada.
marina: pois, imagino...
tia fatinha: já com o tio, mas isso toda a gente vinha. o jorge, a marisa, a tia cina. agora mais isto.
marina: pois, parece que está tudo a cair.
tia fatinha: quem será que nos rogou tamanha praga? que coisa...
marina: pois é. e as coisas já adiantadas...
tia fatinha: e vontade já não era muita...agora, então....
marina: pois. mas o que é que agente faz?
tia fatinha: pois, as coisas têm que continuar...
marina: é verdade...
tia fatinha: a tia estava agora a arranjar-se. vou ver se vou lá a setúbal, ao hospital para saber de alguma coisa.
marina: está bem. então, depois, quando se souber de alguma coisa, agente fala.
tia fatinha: está bem, filha. vá, até logo.
marina: até logo. beijinhos.

Telefonema n.º 2

tia ana: tou filha, o pai tá ai?
marina: não..ele foi ao café. mas eu já sei o que é que foi, tia.
tia ana: ai, filha, tu já viste bem o nosso azar...?...
marina: [lágrimas nos olhos] é verdade. [isso, faz-te de forte e conforta os outros]
tia ana: e o casamento da andreia...
marina: [nem me lembrei, com tanta coisa] pois é, coitada.
tia ana [suspiro]
marina: mas ainda não sabem do que é que foi, ou sabem?
tia ana: foi coração. ele já tinha tido um enfarte. quando ligaram para a tia fatinha, ele ainda ia a caminho do hospital.
marina: pois...e não sabem nada do funeral né?
tia ana: não. ainda não sabemos nada. ai...a nossa vida...
marina [lágrima loucas para saltar] pois é...
tia ana: vá, filha. depois logo falamos...
marina: está bem, tia. até logo. beijinhos.
tia ana: até logo.


merda. merda. merda. lágrimas e mais lágrimas. farta disto. acho que vou ligar à andreia.


Correcção

Na verdade, não são três meses. Tudo começou no dia 7 de Fevereiro. Dizemos três meses, porque contamos desde que o ano começou. E sempre que penso na forma como ele começou... Bem, ainda no outro dia disse a Inês que só poderia melhorar... Guess not, sis...guess not...


e que merda, era mesmo contigo que queria falar.



Telefonema

marina: olha, sabes quem é que morreu?
mana: ai, quem?
marina: o marido da maria alexandrina.
mana: porra! então como?
marina: acho que foi de coração. a mãe ligou agora a dizer que a isabel lhe ligou, mas o pai falou mais com ela. ainda não se sabe com certeza.
mana: ai meu deus...
marina: sim, isto já não é normal... em três meses, quatro pessoas...
mana: quatro? bem, já estou perdida...
marina: sim, então, o teu jacinto, o irmão da ti betinha, a ...
mana: ah, sim, nem estava a contar o irmão da ti betinha...mas que coisa. bem, ainda bem que é aqui perto, sempre podemos ir lá.
marina: sim...
mana: e foi a nossa isabel que ligou?
marina: eu acho que sim. como a mãe só disse que foi a isabel, calculei que fosse.
mana: porra...bem, eu agora sempre que vocês me ligam é sempre para dizer que morreu alguém. que coisa.
marina: pois, eu também já tremo quando o telefone toca...
mana: é mesmo. bem, estás em casa né?
marina: sim.
mana: ok, então. depois falamos. vou ver se falo com a mãe.
marina: ok.
mana: beijinhos. até logo.
marina: xau. beijinhos.




FODA-SE

FODA-SE! ISTO NÃO É NORMAL. MAIS UMA MORTE. DESTA VEZ UM PRIMO. A SÉRIO, ESTOU FARTA. FARTA MESMO. EM TRÊS MESES, QUATRO PESSOAS. CANSEI-ME. NÃO TENHO AQUELE APOIO. TU, DE CERTA MANEIRA, TAMBÉM FOSTE. AGORA ERA CONTIGO QUE QUERIA FALAR, MAS NÃO TE INCOMODO. TU NÃO QUERES SER INCOMODADO, MAS ERA CONTIGO QUE QUERIA FALAR. ERA CONTIGO QUE QUERIA DESABAFAR E DIZER QUE ESTOU FARTA DESTA MERDA TODA. ERAM AS TUAS PIADAS QUE EU QUERIA OUVIR. PIADAS, PORQUE NÃO GOSTAS DE ME VER ASSIM, E PORQUE JÁ PASSÁMOS POR ISTO E JÁ SEI COMO REAGES. ERA CONTIGO QUE QUERIA FALAR. MAS TE VOU INCOMODAR. A ÚLTIMA COISA QUE QUERES É SER INCOMODADO POR MIM, AINDA MAIS COM ASSUNTOS DESTES. MAIS UMA. E ERA CONTIGO QUE QUERIA FALAR. LÁ VOU EU, LIGAR À MINHA IRMÃ. MAIS UMA NOTÍCIA. ERA CONTIGO QUE QUERIA FALAR. ESTOU FARTA.


interpretem as maiúsculas pelo que são; gritos de raiva



Blanket-night n.º1

Another blanket-night. Ontem também. Motivos completamente diferentes. Doeu. E ainda não sei onde ficou a verdade e a brincadeira naquilo. Nunca sei. E estou verdadeiramente cansada e farta. Nunca sei. Nunca é como eu penso que é. Doeu.

another blanket-night

vou para o chão. yoga.



Tuesday, March 14, 2006

A leap of faith

lost. "it's why it's called a leap of faith".

eddie vedder. live at the garden. 2003. "i believe". " this proves that dreams can be a good thing".
"fuck the pessimism. fuck it".


Sunday, March 12, 2006

Cantinho com pensamentos soltos

Com música, daquele tipo que soa a calma mas com sentidos. Pijama. Quentinha. Caminha. Aninhada nos lencóis. Segura. Onde nada me pode fazer mal. Onde nada de mau se pode aproximar. E começou mesmo bem. Mas mesmo, mesmo bem. E depois, de repente e praticamente ao mesmo tempo, foi-se desmoronando. Uma coisa de cada vez como para me mostrar que pode sempre acontecer (mais) uma coisa.

[i remember l.a.]

E começou tão bem. Tão "sorrisos parvos". Sorrisos esses que agora só consigo quando penso no bem que começou ou quando as coisas correm bem daquela maneira. Especial. Era assim que era. É assim que ainda é. Aqui, no meu cantinho, com pelo menos quatro memórias (mais uma vez...). Aqui, ainda sou livre de voltar atrás e quando as coisas não estão bem, deixo-me lá ficar. Quando tudo corria tão bem.

Porque foi assim que começou. Começou mesmo bem. Agora não. Tem dias (expressão horrível, mas é a que melhor define este novo agora). Às vezes ainda sorrio daquela maneira. Pelas mesmas coisas. Aquelas que me matam. Outras é só revolta. É essa a palavra. R-E-V-O-L-T-A. Letra por letra. Raiva e ódio também. Mas revolta, principalmente.

[falling into you]

Aqui, ainda me deixam (os deuses do tempo, aqueles que fazem tudo andar para a frente) ficar lá atrás. Para a frente é que é o caminho. Disseste tu uma vez. Porra, às vezes tenho mesmo saudades tuas. Mas mesmo muitas. Vi-te na semana passada. Moras a menos de dois minutos de mim. Todos os dias vejo a tua casa. E vi-te na semana passada. De longe. Acenámos e sorrimos. Confidências de tantos anos. E não sabes de nada. Perdeste dos meses mais importantes para mim, e eu perdi tantos meses teus. Confidências. Uma história de tantos anos. Às vezes tenho saudades tuas.

[if walls could talk]

Agora tenho saudades tuas. É noite e costumávamos ver as estrelas à noite, deitados no chão do meu quintal. E éramos, literalmente, inseparáveis. Passavas pela minha casa de manhã para irmos pa escola. No autocarro íamos sentados ao lado um do outro. Aulas juntos, sentados na mesma mesa, sempre. Comíamos à mesma hora. Ida para casa juntos. Depois de jantar ou ia eu para tua casa ou tu para a minha.

[i know what love is]

Tenho saudades tuas. A última vez que falei contigo foi dia 13 de Novembro (o teu dia de anos). Oh, bolas...falámos como se tivéssemos estado juntos todos os dias. Falei-te dele e tu falaste delas (não tens remédio!!!!). E dos nossos sobrinhos. A tua estava lá. Está enorme. E foi lindo ver o teu amor por ela. Falámos da escola, do trabalho. Da vida. Como se tivéssemos estado juntos todos os dias. E eu estava na tua casa, como se estivesse na minha. À vontade. Como sempre. Tantas horas na tua sala, na tua cozinha (onde estudávamos às vezes), no teu quarto. No teu quartoo, onde tu jogavas Championship Manager e eu contava-te as minhas coisas e tu dizias sempre "sabes que eu para te aconselhar..." E eu sorria (e estranho, agora deu-me vontade de chorar), e pensava que só o facto de me ouvires...Mas aconselhavas às vezes e acho que eras a única pessoa que sempre ouvia, justamente porque raramente aconselhavas.

Uma vez fui a tua casa de manhã (sempres foste mais madrugador que eu) e estavas a ler uma banda-desenhada do Astérix! Eu constumava obrigar-te a ler, mas tu nunca gostaste muito de livros!

E apesar da história, sempre avançámos, e sempre ouvimos sobre outros. E éramos sinceros nos desejos de felicidade um para o outro. Ainda hoje é assim. Como se nos vissemos todos os dias. E nem sei porque raio estou a escrever este texto enorme sobre ti, mas acho que tenho saudades tuas. Sim, tenho. Dos teus vícios e hábitos. Se fechar os olhos ainda me lembro da forma das tuas mãos.

[i remember l.a.]

A tua letra. Eu era a única que a consegui decifrar. Tanta vez eu a li. Afinal eu estava contigo quando aprendemos a escrever. E a ler. E a tanta coisa. Aprendemos tanta coisa juntos. Mas tu descarrilaste, como diria a tua avó. No outro dia ela disse à minha mãe que desde que deixaste de andar comigo perdeste o tino. Achei graça, porque nós juntos nunca fomos muito atinados. Mas nunca fizémos o que começaste a fazer. E tu sabes que eu nunca te deixaria fazer isso. Não à minha frente.

Um dia decido-me e vou ter contigo. E falo-te dele. E conto-te tudo. Tudo aquilo que sempre prometemos contar, mas que perdemos oportunidade para tal. Um dia vou ter contigo e vai ser como se tivéssemos juntos todos os dias.

[falling into you]

Até lá, fico no meu cantinho. E escrevo. E, agora (coisa mais estranha), penso em ti. Sei que estás bem, mas queria voltar a fazer parte de ti, e queria que voltasses a fazer parte de mim. Sabes que não te adoro. Amo-te. Sempre te amei. Mas não é aquele amor dos namorados e dos apaixonados. É outro. Amo-te como amigo. Sempre te amei, e agora que passou tanto tempo se te ver e sem estar contigo, acho que vou amar-te sempre. Porque são tantos tipos de amor que sinto por ti que algum há-de sobreviver!! Se não, serás sempre tu. Não fazes parte de nenhum grupo. És especial demais para isso. Eu costumo dizer que tu és tu.

Um dia vou lá, e vai ser assim. Mas agora, fico-me por aqui.


Saturday, March 11, 2006

A gota de água...

Farta, farta, farta, farta, farta...Farta!

Farta! Farta!! Farta

Farta!!!!
Farta, farta, farta... Farta

Farta

Tio, Chico, agora a Carla... Estou prestes a pura e simplesmente não aguentar mais...Começa a ser demasiado. Notícias de acidentes, chamadas telefónicas fazem-me tremer. Acordo e oiço a minha mãe ao telefone, desconfio, penso no pior e saio da cama para descobrir que estava certa...

Farta dos mesmos sorrisos compreensivos e das mesmas respostas. Vai-se andando, como se pode. E do preto. Tatooed all I see. Farta...

Farta Farta Farta Farta Farta Farta Farta Farta Farta


Estou farta de más notícias, de ambientes, de lágrimas... Farta, farta...


Farta



Thursday, March 09, 2006

Angel

like an angel fly over your house
like an angel pass out wishes
like an angel I will move the arrow
like an angel I live alone
I'm not livin' what was promised
I am far from glorified
oh I'm not dyin'
oh I'm so tortured cause I see all
tortured and all I cannot do
tortured and all I could have done
tortured while I occupied a man
I'm not livin' what was promised
I am close but can't enjoy
oh I'm not dyin'
oh I'm not alone
mind is not a celestian state with idle hymns of praise
time is short, I have an appointment at noon, at noon in hell
across the waste of space and fields of air I glide alone at night
oh please, please, think of me cause I'm, I'm by your side
I'm by your side, I'm by your side oh
I'm right in front of you, I'm by your side



Eddie Vedder, Angel


Wednesday, March 08, 2006

Só um bocadinho

[The Long Road; Angel; Throw your arms around me (as três do costume para estas alturas)]

E é só fechar os olhos...Não quero esquecer, mas quero tirar daqui...Confuso...O nó volta, mas só às vezes...O aperto , e a double-feeling thing também...Lembram-me do que foi. Disto. Daquilo. Pensamentos soltos. Vá lá, só por hoje. Só hoje quero lembrar tudo. Porque isso faz-me sorrir, e quase que me põe lágrimas (boas) nos olhos.

O que me mata é o aperto.

É só fechar os olhos...Não. Mentira. Não preciso fechar os olhos. Aqui, onde estou. Sim, à secretária, ou no meu sofá. Tantos lugares. Nem preciso ir longe, muito menos fechar os olhos.

O que me mata é o aperto...

E ainda me matam as mesmas coisas. Aquelas que agora nada significam. Ainda me matam. Ainda fazem os mesmos efeitos aquelas e outras coisas. Ainda me matam.

E pode não ser a primeira coisa, mas é, sem dúvida alguma, a última. Todos os dias. Não seria isso que mudaria, porque não era por isso que assim era. Quero lembrar...

Não era por isso. O que me mata é o aperto...



E uma vez cheguei a pensar que podia ser uma estupidez qualquer...


Nada de preocupações, é apenas nostalgia


[as três do costume]



Tuesday, March 07, 2006

...Tu...

Tens cinco anos. Pronto, está bem, cinco e meio, já és um menino crescido. Entraste hoje no meu quarto, estava na secretária. Aproximaste-te com aquele teu sorriso traquinas de menino. Sentaste-te no meu colo. Abraçaste-me e disseste "Gosto muito de ti".



Amo-te