Friday, December 31, 2010

leituras 2010

  1. Life is Elsewhere, Milan Kundera
  2. Em Nome da Terra, Vergílio Ferreira
  3. Taming the Tiger Within: Meditations on Transforming Difficult Emotions, Thich Nhat Hanh
  4. Morreste-me, José Luís Peixoto
  5. Nos teus braços morreríamos, Pedro Paixão
  6. The Idiot, Fyodor Dostoyevsky
  7. Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez
  8. Platero e Eu, Juan Ramón Jiménez
  9. Lonesome Traveler, Jack Kerouac
  10. As I Lay Dying, William Faulkner
  11. Eat, Pray, Love, Elizabeth Gilbert
  12. Man in the Dark, Paul Auster
  13. Um, Ninguém e Cem Mil, Luigi Pirandello
  14. Pantajali's Yoga Sutra
  15. Uma Casa na Areia, Pablo Neruda
  16. Provavelmente Alegria, José Saramago
  17. The Dharma Bums, Jack Kerouac
  18. Talking it Over, Julian Barnes
  19. Of Mice and Men, John Steinbeck
  20. White Castle, Orhan Pamuk
  21. The Bird, Oh Jung-Hee
  22. O Arquipélago da Insónia, António Lobo Antunes
  23. Nenhum Olhar, José Luís Peixoto
  24. O Amor é Fodido, Miguel Esteves Cardoso
  25. Equador, Miguel Sousa Tavares
  26. Love, etc, Julian Barnes
  27. Wherever You Go, There You Are. Mindfulness Meditation for Everyday Life, Jon Kabat-Zinn
  28. Um Crime no Expresso do Oriente, Agatha Christie
  29. O Caso da Baía de Pollensa, Agatha Christie
  30. Morte no Nilo, Agatha Christie
  31. A Morte de Lorde Edgware, Agatha Christie
  32. The Bell Jar, Sylvia Plath
  33. Antologia Poética, Octavio Paz
  34. Learning to Breathe, Alison Wright


E espero dar este ano por encerrado.
Desta vez, não vou escrever sobre o ano passado e o ano que aí vem.
Não faço reflexões e, muito menos, penso no que quero vir a fazer no próximo ano.
Já tenho medo do que por aí vem, principalmente, porque amanhã, primeiro dia 2011, vou estar num velório.

Feliz ano novo a quem os tem.

Wednesday, December 22, 2010

carta ao pai #1

pappy,

amanhã faço anos. mas tu sabes isso. da mesma maneira que sabes que tenho falado contigo todos os dias desde que. era suposto irmos almoçar amanhã os dois, como fizemos durante tantos anos. era a única tradição pai-filha que tínhamos e daí sempre veio o facto de eu nunca trabalhar no meu dia de anos; dia de anos é para ir almoçar com o meu pai. mas vou visitar-te amanhã, logo de manhã. ainda não tive oportunidade de ir falar contigo a sós. tive receio que a mãe levasse a mal eu querer ir sozinha, mas ela disse que não se importava por eu querer ir sozinha amanhã.
não temos árvore de natal este ano. nem decorações de natal. nada. a única decoração que comprámos foi para a tua casa. fica lá até ao ano novo, depois compramos-te uma coisinha nova. a mãe quer fazer a campa já em fevereiro, para estar pronta para o teu aniversário. eu acho bem, vai ser em pedra escura e por mim, será alta. imponente. visível. ainda estamos é um bocado indecisas na foto, mas acho que todas pendemos mais para a mesma. eras mais novinho, mas não tinhas aquela ondinha meia parva do teu cabelo fazia na testa (o que eu gozei contigo).
tenho andando com o teu carro. já enchi o depósito duas vezes. sabes que o ponteiro ultrapassa o limite do cheio? enfim, acho piada. mas o depósito é mais pequeno do que o do meu carro, não é? é que pago sempre menos. mas tem-se portado muito bem e desembacia facilmente se ligares o ar condicionado um bocadinho, tu é que nunca usavas aquilo, mas pronto, manias tuas. 
a mãe tem andando a fazer coisas malhas, é a maneira dela se entreter. ainda começou a ler um dos livros que eu te tinha comprado, mas sabes que é mais outra onda. mas eu já li os três. acho que terias gostado deles. comecei pelo único que tinhas começado a ler.
bem, amanhã vou lá visitar-te (vou tentar não me esquecer do isqueiro, é que a tia bia comprou velas para todos e já agora, vou ver se ainda estão acesas) e ver se não precisas de flores novas ou se está tudo em ordem. depois falamos melhor também.

agora, vou indo, a marisa mandou-me mensagem. deve vir cá com a tia.

p.s. espero que não aches que andemos a abusar com as flores, é só que eu, pelo menos, não quero que alguma vez sintas que descuramos a tua casa. além disso, no outro fim-de-semana o joão paulo e o maia também te deixaram lá um ramo de flores e tu, de certeza, que não te chateaste por isso.

beijinhos grandes.

da "fila".


Wednesday, December 08, 2010

# 94

no dia 2, pensei que pudesse ser um mês mau. na noite do dia 6 e no dia 7, tive a confirmação.

a vida #20

às vezes apercebo-me da morte do meu pai. e não consigo respirar.

Monday, November 29, 2010

a vida #19

e às vezes, de repente, apercebo-me do quão silenciosa esta casa ficou. sem ti, pai.

Monday, November 22, 2010

a vida #18

o meu pai morreu à minha frente, enquanto eu segurava a mão dele. há mais de uma semana. enterrei o meu pai. eu sei isso. não quero ser mal interpretada. eu sei que o meu pai morreu. apenas não acredito nisso. ainda fico à espera de ouvir a chave rodar na porta, ou que ele me chame para dizer alguma coisa engraçada que ele se lembrou. e temos ainda de combinar como vamos fazer a salamandra na sala, ainda este ano. e falar de como a bárbara é toda desengonçada a andar. e no dia 13 de dezembro, vamos à consulta, falar com o doutor miguel e ele, certamente, vai-nos falar da infecção respiratória grave que o meu pai teve no fim-de-semana passada. e vamos, seguramente, discutir as opções de tratamento seguintes, porque ainda temos tanto pela frente. eu sei que o meu pai morreu. só não sei como viver com tanta vida dele pendente e entrelaçada na minha.

Wednesday, November 17, 2010

órfão.

adjectivo que perdeu pai e mãe, ou um deles
figurado desamparado, abandonado
figurado privado



1949 - 2010


Wednesday, November 10, 2010

a vida #17

não se fala nesta casa. porque estamos sempre bem. não se partilha nesta casa. se há problemas, esses não cabem na mesa, durante as refeições. não cabem nas respostas sobre os dias que tivemos, porque ninguém quer saber do dia que tivemos. e se choramos, escondemos a cara entre as mãos, ou entre 4 paredes, sozinhos. sempre sozinhos, porque estamos sempre bem. mas quando falamos, ah, quando falamos, é como se nunca tivéssemos derramado aquelas lágrimas, ou como se nunca não tivéssemos respondido à pergunta que uma filha pode colocar a uma mãe. mas isso, meia hora depois, já não interessa. porque não há qualquer problema e estamos sempre bem. os níveis de saturação começam a esgotar-nos a todos. todos nos queixamos uns dos outros; a mãe queixa-se do pai, o pai queixa-se da mãe, e certamente um deles (ou os dois) se queixa de mim. mas não conversamos. até porque mesmo quando falamos, ignoramos. não ouvimos. não assimilamos. não queremos saber. a mãe vai continuar a implicar com tudo o que o pai faz; o pai vai continuar a implicar com a mãe não o deixar sossegado. eu? do lado do pai, sempre que posso. sempre que posso digo-lhe que não faz mal ele querer ficar deitado e nunca o obrigo a comer. eu, quando era pequena, também nunca queria comer e o pai dizia à mãe para não me obrigar a comer. e, assim, somos um para o outro. quem me conhece bem, sabe que não morro de amores pela minha mãe e dizem que é uma coisa horrível de se dizer e tudo o mais. mas, não foram criadas pela minha mãe, não vivem com ela. por isso, não fazem ideia do que estão a falar. é como quando as pessoas me perguntam pelo meu pai. eu entendo, genuinamente, a preocupação das pessoas, o interesse, o quer que seja. eu faço o mesmo, quando pais/amigos/familiares de amigos passam por algo de mal. também pergunto, também me interesso. mas ultimamente, o ponto de saturação tem aumentado. e quando me perguntam pelo meu pai, a primeira que me ocorre dizer é "bem, está a morrer... mas isso estamos todos, mas ele está a morrer mais rapidamente e com mais sofrimento." mas não digo. não digo, porque a principal saturação não é com essas pessoas que perguntam. a minha maior saturação é com a minha mãe, que tudo sabe e tudo afirma e tudo controla. não sei como estas coisas se processam, porque só posso falar do que conheço, mas sempre pensei que seria a pessoa doente a massacrar mais os que estão em redor. mas nós não falamos de coisas importantes, porque não vale a pena. e como não falamos com quem mais sabe da situação, quando falamos com quem está por fora, com quem se interessa por nós e se preocupa com as nossas horas de sono, a sensação que me dá é que eu estou completamente sozinha. a ideia de que os filhos são protegidos pelas mães, que as mães olham pelos filhos e que esses vêm sempre em primeiro lugar não passa de teoria. na prática, os filhos olham bastante pelos pais e, por isso, eu não falo com os meus pais sobre as coisas importantes. eles até poderiam saber compreender-me melhor que ninguém, mas nós não falamos. nós encolhemos os ombros ou abanamos a mão em "assim-assim". é como comunicamos. não falo com a irmã, porque há coisas e coisas. umas coisas são histórias de uma adolescência perdida que não vivemos em conjunto, mas que fomos conjugando com o passar do tempo, outras são, por exemplo, a vida do pai que nos criou. disso não falamos, falamos de decisões médicas, de consultas e exames. mas nunca do que podemos sentir. nunca. por isso, resta-me quem está por fora, que não sabe, não tem como saber, o que isto é. e eu posso até partilhar, que não tenho problemas com isso. contei a quem quis contar e chorei com quem quis chorar. mas aquilo que se calhar muita gente não se apercebe é que eu sinto-me sozinha a cada minuto que passa, porque não tenho ninguém "comigo". mas não falamos cá em casa. onde possivelmente nos fossemos entender melhor. não falamos uns com os outros. falamos da chuva que vai cair ou do vento que vai fazer, falamos de quem veio e quem vem visitar. falamos de dores, de quantidades de comida. coisas mais quantificáveis. do que sentimos? nunca. até porque aqui por casa, estamos sempre bem. 

Thursday, October 28, 2010

# 93

amanhã vou com ela passar ali um fim-de-semana cheio de yoga, meditações e outras coisas assim. não estou ansiosa. estou apenas à espera do que aí vier. talvez já esteja em modo retiro e ainda nem me tenha dado conta. talvez tenha receio de levar demasiadas expectativas na bagagem. talvez prefira apenas esperar para ver.

depois conto tudo-tudo, mas possivelmente, aqui.


Wednesday, October 27, 2010

help.


Birmingham


for the record


i don't like this.


Monday, October 18, 2010

# 92

a certa altura, as questões modificam-se: que má notícia é preferível receber?
aos 23 anos de idade, sinto-me carregada. se caminhasse na areia, certamente as minhas pegadas seriam mais fundas do que aquilo que o meu peso justifica.
já são tantos anos de tanta coisa. aos 23 anos, é idade de ter a vida pela frente e eu sinto que preciso de uma valente pausa. chega de tantas emoções. 
um bocadinho de calma, se faz favor, que isto qualquer dia descontrola a sério e, como eu costumo dizer, não é fácil ser a marina.
não é fácil ver a mãe a entrar no quarto lavada em lágrimas só porque sim. porque é a vida que levamos.
não é fácil ver o pai no sofá com as mãos na cabeça de tantas dores que tem. não é fácil e, no entanto, é a vida que temos.
não é fácil pegar ao colo a sobrinha de quase 2 anos e que parece um bebé de 9 ou 10 meses. e, no entanto, seguramo-la nos braços com todo o amor do mundo.
não é fácil ver a pessoa com quem queremos partilhar a nossa vida com tantas dúvidas. e, no entanto, é o que nos cabe na palma da mão.
não é fácil, com tudo isso, sair da cama todas as manhãs, porque há traduções a enviar e outras a receber e ainda trabalhar arduamente para uma vida melhor.
não é fácil trabalhar para uma vida melhor, quando temos noção de que aquilo que temos ainda vai piorar. 
não é fácil carregar estes 23 anos em cima. estes quase 24 anos de tanto.

Wednesday, October 13, 2010

# 91

nova entrada na agenda:

retiro de yoga dias 30 e 31 de outubro.

com ela, daqui.

Tuesday, October 05, 2010

# 90

vistas bem as coisas, foram umas férias bem aproveitadas, embora o plano não tenha sido seguido à risca... massagens marcaram-se duas, mas só pude fazer uma, porque nos últimos dois dias de férias, o meu corpinho achou por bem adoecer... pode-se, então, confirmar o que digo há muito tempo: trabalhar deixa-me doente. yoga e meditação correu muito bem, hoje foi o nono dia seguido! três livros lidos na íntegra, ouviu-se muitas vezes por estas paragens explosions in the sky, escreveu-se o suficiente e até se pintou uma coisinha toda pitoresca, ou qualquer-miúdo-com-quatro-anos-faz-melhor. viva o meu talento.

mas acabámos por não ir ao alentejo, não consegui ir tratar das lentes de contacto e não vi filme nenhum.

ainda assim, dormi quase todas as tardes, acho que só pus despertador dois dias. passei grande parte dos dias na cama, ou a ver séries ou a ler.

consegui, mesmo-mesmo, fazer quase nada.

sucesso.

amanhã, regresso à realidade.

Saturday, September 25, 2010

# 89

o plano é:

* massagens
* yoga & meditação
* dois ou três livros
* ouvir música
* fim-de-semana no alentejo
* tratar das lentes de contacto
* escrever
* pintar
* dois ou três filmes

nota: post ao som de explosions in the sky e hoje começa-se o aquipélago da insónia, de antónio lobo antunes.

Monday, September 06, 2010

# 88

“It all just seems so fake. This idea that good things happen to good people and there’s magic in the world and the meek and righteous will inherit it. There’s too many good people who suffer for something like that to be true. There’s too many prayers that go unanswered. Every day we ignore how completely broken this world is and we tell ourselves it’s all going to be ok. ‘You’re going to be ok!’ But it’s not ok. And once you know that, there’s no going back. There’s no magic in the world. At least not today there isn’t.”


one tree hill.

Sunday, August 29, 2010

i really believed that this time was forever (*)

e desde aquela noite que me falta um bocado.
que me esqueci de me ser e o meu espírito ficou a deambular.
naquela noite.



(*) the cure. last dance

Sunday, July 25, 2010

the end.



always and forever.



Friday, July 16, 2010

# 87


"Sometimes surviving is about all the living I can handle."


one tree hill


Wednesday, July 14, 2010

a vida #16

e ela perguntou "será que às vezes é preferível não perguntarmos?"
e eu não sei se preferia não saber o que sei.
talvez me faça ganhar nova consciência do (pouco?) tempo que nos espera.

Tuesday, July 13, 2010

a vida #15

ainda não fez um ano desde que a carta nos caiu no correio e na alma. só fazia um ano para a semana, mas temos de aproveitar enquanto estamos nas más graças do universo e esperar que continuem a cair coisas pesadas na alma. é da maneira que se vive mais (in)tensamente? acredito mais que seja da maneira que se sobrevive mais dificilmente, que isto de respirar por quatro pesa-nos a todos. 

confesso que do que mais tenho medo é de um prazo. que entre conversa de uns e conversa de outros, se eu ouvir, nem que seja sorrateira ou subtilmente as palavras meses ou anos.

e eu digo-vos, se me derem um prazo para a vida do meu pai, 

Monday, July 12, 2010

a vida #14

que eu já estava mentalizada para o que poderia ouvir, estava. não sabia é que ficaria sozinha a ouvir da boca dos médicos o futuro do meu pai. não sabia que teria de ser eu a dar-lhe essa notícia. essa notícia que se torna pior do que a primeira vez que recebemos notícia semelhante. por tantos motivos.


Sunday, July 11, 2010

let's ride the wave, where it takes us.

ver os pearl jam é mais do que assistir a um concerto. é saber que algures nos próximos minutos, vou sentir aquele nó na garganta que parece despir-me o coração. ontem à noite, esse nó chegou assim que eles entraram no palco. os primeiros acordes de release começaram a soar pelo ar e eu comecei a sentir lágrimas na cara. era isto. era este o momento que eu tinha esperado nos últimos meses. aquele momento em que o meu coração se despia enquanto eu gritava bem alto "oh, dear dad" mais alto do que eu pensei que poderia gritar. não sei muito bem quantas vezes chorei ao longo do concerto. mas, garantidamente, ouvir o eddie a falar em "último show" não ajudou muito. todo o tom de despedida do concerto foi algo que eu não esperava, tal como houve músicas que eu também não esperava e outras que gostei muito de ouvir. mais do que uma "apresentação" ao novo álbum, o concerto de ontem foi buscar tesourinhos há muito arrumados na gaveta. não vi grande coisa do palco, estamos a falar de milhares de pessoas que ali estavam. quando público era filmado tinha-se bem noção do mar de gente, facto também comprovado pelas muitas vezes em que o eddie colocava a mão sobre os olhos para exprimir a imensidão do seu público.
tenho um grande defeito em concertos: quando estou realmente a gostar da música, do ambiente, de tudo, tenho muito a mania de fechar os olhos. e ontem acho que os fechei em quase todas as músicas, sendo obrigada a lembrar-me que esta poderia ser a última vez que os "veria" em muito tempo.
sei que entrei no alive com uma motivação em nada comparada com o que senti quando sai do recinto. se entrei cheia de vontade de ver/ouvir a banda do meu coração, sai com um novo nó garganta e com muito receio de não os tornar a ver mesmo durante muito tempo.
da minha parte, este concerto triste até calhou bem. veio concordar com os meus estados de espírito.


Monday, July 05, 2010

confessions of my lonely heart

o problema de combinar segredos com a irmã é que eu tenho de olhar os pais todos os dias e não lhes dizer o que sei. encolher os ombros quando me perguntam o que eu já sei e eles não. e tentar ignorar a voz arranhada que me fala em tom temporário e que eu já sei não o ser. às vezes parece que os olhos fixos no tecto da sala me querem expulsar dali. parece que o tom baixo e arrastado com que nos fala não quer mais conversas connosco. parece que com tudo o que nos cai em cima, o silêncio parece, realmente, o caminho mais fácil.


e não te esqueço um minuto, pulguinha.

Monday, June 28, 2010

turn it up



see you then.

Friday, June 25, 2010

URGENTE

procura-se bilhete para pearl jam (optimus alive, dia 10)

aceitam-se passes de 3 dias também.

aceita-se tudo, pronto.


Thursday, May 27, 2010

das vidas alheias

desde muito cedo que senti que eu vivia mais a morte do que as outras pessoas. quando a maioria dos meus amigos nunca tinha sequer conhecido alguém que tivesse morrido, já eu tinha ido a N funerais e velórios. nunca me esconderam mortes, nunca me deixaram em casa de alguém para eu não ir a funerais. aos meus 8 ou 9 anos, eu já sabia bem o que era morrer, o que eram velórios, o que eram funerais, o que era a noção de não voltar a ver alguém. aos meus 8 ou 9 anos, eu já tinha percebido que não são só os velhos e doentes que morrem, o que me fez muita confusão, inicialmente.
pode-se dizer que eu fui praticamente criada em 4 casas. a minha, obviamente. a dos meus avós, onde até certa altura, era onde passava a maior parte dos meus dias. a casa dos meus tios, mesmo ao lado da minha. e a casa dele, onde passava tardes, dias, a brincar. analisando bem as coisas, já perdi 3 partes da minha infância. primeiro, quando o meu tio morreu. no ano passado, morreu o meu avô. ontem, morreu o avô dele. e eu hoje de manhã, de cabeça feita e corpo a tremer, saí pelo meu portão e percorri a dúzia de passos que separa as nossas casas, para atravessar o portão de sempre e pisar o chão de sempre. aquela minha quase família, que tantas refeições me serviram em suas casas, estava ali, no quintal onde tantas vezes brinquei com o neto mais novo. o neto da minha idade. o meu melhor amigo de há tantos anos. não há maneira de explicar o que aquele quintal representa para mim. eu que nunca entrei pela porta da frente. ia sempre pelas traseiras, pelos caminhos conhecidos. pelos caminhos dos amigos. lembrei-me de mil e uma coisas. não só das refeições na cozinha da rua. mas da sala, onde víamos desenhos animados quando não podíamos estar na casa do primeiro andar. e depois o relógio tocou as 9 horas. e eu que me tinha esquecido do relógio. mas não da casa. não dos cantos. dos cantos onde via o avô dele a regar, a cuidar da horta, a cuidar do quintal. o avô político dele, sempre metido no bem estar da nossa pequena freguesia. morreu no trabalho, em assembleia. e eu a pensar que ainda ontem me ia levar à escola. e buscar, também. uma pessoa habitua-se às pessoas. a estar à janela do quarto e vê-los passar, dizemos bons-dias e boas-tardes e nem nos passa pela cabeça que essas pessoas sejam comuns mortais. não passa pela cabeça que podemos um dia vê-los e no dia seguinte não mais os ver. 
antes de sair de casa, não perguntei se era preciso ir lá ter. não perguntei se podia ir lá ter. nunca alguma vez perguntei (perguntaria) isso. hoje, não ia lá apenas como amiga, ver se havia disponibilidade para um joguinho de monopólio. hoje ia lá, passar a mão na cabeça da avó e conversar com a mãe. o estado de sonho, em que se encontram conheço eu bem. a vida parece imaterial e leve, de momento. ainda nem há noção. ainda se espera que a qualquer momento, o vizinho atravesse o quintal que me fez hoje atravessar e espere o seu almoço servido na mesa de sempre.
de certa maneira, espera-se sempre.

Wednesday, May 26, 2010

awakening

no dia 21 e alguns anos depois, finalmente, paschimottanasana.
e sirsasana sem parede.

Thursday, May 13, 2010

# 86

"people are gonna disappoint you, i get that, i kind of expect that. but i don't know, what if you wake up one day and realize that you're the disappointment?"

one tree hill


Sunday, May 09, 2010

# 85

ultimamente, colegas de escola (primária e básico) têm vindo falar comigo, actualizar as coisas. que é feito de uns e de outros. que é feito de mim e deles. é giro ver que quando chegamos à parte dos empregos, ficam muito contentes, porque consegui o que queria. eu não deixo de sorrir, a pensar que, sim, era mesmo o que eu queria. pena que já não queira mais. nem todos têm o seu caminho claramente delineado e, ao menos, um desses colegas está como eu "gostava mesmo era de..."


Sunday, April 18, 2010

4.

*

Friday, April 02, 2010

ainda sobre a mudança de carreira

encontrei isto ontem, por acaso.

será, será?

Friday, March 12, 2010

the other side of this life

eu e ela andamos a preparar isto há uns tempos e depois de cancelamentos, trocas e afins, estamos aqui estamos em contagem decrescente para o "lançamento". depois de voltas e reviravoltas acabou por ficar tudo decidido e planeado para uma semana em birmingham. partimos de lisboa mais loguinho e voltamos daqui a uma semana.

até lá.

Wednesday, March 03, 2010

o vidro eléctrico dianteiro do lado do condutor (cont.)

pelos vistos, se não for logo tratado, começa a descair, o que faz com que eu apanhe chuva na cara e pense "olha, boa... agora tenho de voltar atrás e ir buscar o carro do meu pai - isto se ele não for sair hoje..." 


(nota: posso não ter pensado exactamente na palavra "boa".)


Friday, February 26, 2010

o vidro eléctrico dianteiro do lado do condutor

quando avaria, não há como o abrir...

Thursday, February 25, 2010

a career change

e a dúvida persiste entre:


Tuesday, February 16, 2010

# 84

it could have been a month, or
it could have been a year
but i, i gave up long before
cause i've been tired for days and days and days
i've been tired for days and days and days
i've been tired for days and days and days
i've been tired for days and days and days
i've been tired for days and days and days



tegan and sara. days and days


Friday, February 12, 2010

# 83

não é por falta de tentativas. hoje, o despertador tocou mesmo às 5:30 e eu estava mesmo convicta de que iria sair da cama e ter uma rotina mais decente. mas depois, aconteceu novamente. é a fraqueza e o nariz que continua a incomodar e o sono. o cansaço. e a rotina que me perdoe, mas ainda tenho muitas horas para recuperar.

# 82

ora, querem lá ver isto... já tenho de me despachar a tomar o meu duche, que o paizinho precisa da casa-de-banho. isto há coisas.

Saturday, January 30, 2010

# 81

acabei agora de ler morreste-me do josé luís peixoto. não fazia ideia do que se tratava.

Friday, January 15, 2010

a vida #13

depois de teres passado cerca de 7 horas na mesa especial que te estava finalmente reservada, ainda tivemos de esperar pouco mais de 2 horas para te vermos. não ficámos muito tempo, que tu nem davas por nós. mas fomos lá ver-te. uma pessoa de cada vez. regras são regras e quando entrei, olhei para tudo. para o tubo grande que te saía da boca, tinhas outro mais pequeno que saía do pescoço, vi os vários sacos pendurados na tua cama e investiguei todas as máquinas. tinhas o batimento cardíaco a 83. tinhas 3 máquinas daquelas com seringas, que já tinha aprendido na tua outra operação que são os medicamentos que estás a fazer. deve ser o tal analgésico fraquinho do que o enfermeiro nos tinha falado. fui depois observar-te do outro lado. tinhas um penso grande no pescoço, foi onde te abriram e onde foi também a fase final. onde eles acabaram tudo. e enquanto observava a parafernália de coisas que te cercavam, dei por mim a sorrir muito profundamente. estavas ali rodeado de coisas para manter o teu organismo em funcionamento e só sentia um orgulho enorme de ti. um orgulho enorme pela força que tens tido. e enquanto uns diziam "coitado", nem a tua boca meia aberta e torta para suportar o tubo da ventilação me fez ter pena de alguma coisa, só mesmo orgulho. e só queria ficar ali a sorrir ao pé de ti. até que me lembrei que não faço ideia se as pessoas sob anestesia geral e/ou sedativos sonham. é que se não sonham, deves ter apanhado uma grande seca.

Thursday, January 14, 2010

all your strength is about to be found *




this is it.


* remy zero

Monday, January 11, 2010

# 80

acho que, finalmente, encontrei algo em que me centrar em 2010. como 2009 foi o ano em que eu faria coisas por mim, pelo meu bem-estar (e posso dizer que não falhei totalmente no meu plano), decidi que 2010 também deveria ter uma intenção, por assim dizer. só hoje é que consegui perceber o que queria deste ano. em 2010 quero estabilidade e estrutura, quero sentir alguma organização na minha vida e em mim. quero estabelecer planos que se adaptem ao que me faz sentir bem. algures em novembro comecei uma rotina matinal que me ajudou imenso - foi ver as minhas enxaquecas quase-quase crónicas chegarem ao fim. no entanto, essa rotina foi sendo interrompida algumas vezes e nos dias que correm já pouco sobra dela. por isso, vou tentar estabelecer metas diárias, semanais e mensais para 2010. metas com alguma flexibilidade, claro está, porque se eu digo que preciso de estabilidade não há-de ser por ser uma pessoa essencialmente estável, logo talvez leve tempo a ajustar-me a estas coisas da vida "nova".
então, comecemos pelas metas diárias. gostava de introduzir alguns minutos de meditação diários. nada de muito elaborado e por respeito ao frio que aí anda, até pode ser uma coisinha rápida pré-levantar-me da cama. mas gostava de passar alguns minutos por dia a contemplar o que gostaria de fazer do meu dia, ou a contemplar o que fiz no meu dia. e não exijo mais de mim. também gostava de não perder totalmente todos os passos da minha rotina matinal, por isso, mesmo que não a cumpra à risca, vou ao menos, respeitar alguns passos.
semanalmente, gostaria de praticar yoga, pelo menos menos, três vezes. tenho andado também muito desleixada neste aspecto. em dezembro, só fui uma vez a uma aula e este mês ainda não fui a nenhuma. mas isso terá de acabar, já estou fartinha de sentir tensões acumuladas no meu corpo, só porque sou demasiado preguiçosa para sair de casa. ainda, semanalmente, era muito bom retomar um velho hábito que, não sei porquê, fui perdendo: o chá. vou tentar beber, pelo menos, umas quatro canecas de chá, por semana.
mensalmente: ler dois livros. não é muito, também não é pouco. penso que é na medida certa. se houver um mês mais complicado, posso sempre refugiar-me nos livros mais pequenitos. também gostava de despender dois dias por mês a organizar o meu quarto, que está sempre muito desarrumadito. por isso, para criar uma certa estrutura, acho que ter as coisinhas no lugar iria ajudar.

ao longo do ano, quero ainda prestar atenção a certas coisas. são elas: a minha alimentação (para continuar as modificações que introduzi nos últimos meses do ano passado e melhorar), as pessoas que me rodeiam (de quem me tenho conscientemente afastado nos últimos tempos) e os meus sentimentos. vou elaborar um bocadinho em relação a este último ponto. embora, seja, normalmente, atenta ao que sinto, nem sempre expresso clara ou atempadamente o que sinto e quando às vezes o faço, pode não ser às pessoas certas. por isso, este ano, quero corrigir algumas imperfeições nesses aspecto e tentar não acumular tantos sentimentos ou emoções negativas dentro de mim.

posto isto, é esperar que 2010 seja melhor do que 2009.


Friday, January 01, 2010

2009

1. Harry Potter e os Talismãs da Morte, J. K. Rowling (****)
2. The Outsider, Albert Camus (**)
3. The Unbearable Lightness of Being, Milan Kundera (*****)
4. Wakw up, Jack Kerouac (***)
5. As Pequenas Memórias, José Saramago (****)
6. Alice's Adventures in Wonderland, Lewis Carroll (***)
7. The Picturegoers, David Lodge (***)
8. Hangover Square, Patrick Hamilton (***)
9. Reflexão sobre Yoga, Georges Stobbaerts (***)
10. Nice Work, David Lodge (****)
11. E se Amanhã o Medo, Ondjaki (****)
12. Self-Healing With Reiki, Penelope Quest (***)
13. The Book of Ayurveda. A Holistic Approach to Health and Longevity, Judith H. Morrison (****)
14. Peace is Every Step, Thich Nath Hanh (****)
15. Light Years, James Salter (****)
16. The Nice and the Good, Iris Murdoch (****)
17. Ayurveda: The Science of Self-Healing, Dr. Vasant Lad (***)
18. Bhagavad Gita (***)
19. The Road, Cormac McCarthy (****)
20. Moon Palace, Paul Auster (*****)
21. Oracle Night, Paul Auster (***)

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