Monday, July 31, 2006

take me anywhere (with you).

para onde vais, vida?

para onde me levas?

.silêncio.

as palavras pairam no vazio.

no não-saber.

olho-me no espelho da alma. aquele reflecte o que fiz, disse, pensei, senti.

aquele que me reflecte.

vejo as nossas mãos. dedos entrelaçados. um nó apertado. forte.

em que pensas quando os meus pensamentos são sobre ti?

onde nos leva a vida?

leva-nos juntos?

separados?

felizes?

o (meu) espelho reflecte-nos. juntos. felizes.

os desejos...

os sonhos...

são aquelas nuvens que pairam no espelho. por cima de nós.

(ir)real?

.silêncio.

as nuvens, o vento sopra-as para longe.

o nó. permanece.

permanece.

Thursday, July 27, 2006

Did you ever taste clouds? (*)

O vento agitava as folhas das árvores. Há quanto tempo eu não ouvia esse som à noite. Estar no silêncio da noite a ouvir os seus barulhos. Os seus sússuros. Folhas. Galhos. Noite calma. Céu estrelado e nós debaixo dele.

Tenho-te contado as minhas histórias. Entre quintas, árvores, caminhos por descobrir. Era aí que encontrava a minha liberdade. Na Natureza. Hoje teres estado presente enquanto redescobria esses encantos soube bem. E penso que há tantos sítios onde te quero levar. Os caminhos que percorria, as coisas que conhecia, que via.

Partilhar céus estrelados contigo. Passear de mãos dadas ao sabor do vento. Levados pela corrente, sem nos importarmos como o destino. Ah, sonhos de menina...


(*) natalie imbruglia. sunlight


Wednesday, July 26, 2006

compreendes(-me)?

Smile (*)


you make me smile


Em conversas. Nossas. Em dúvidas e pensamentos recorrentes. Em reacções tuas que não esperava, mas que gosto. Muito. Aquecem-me. Asseguram-me. Que sim. Sim, sim, sim. Liberdade, intimidade e confiança. Colas-me um sorriso nos lábios que permanece. Intocável. Inabalável. Desejos. Certezas. Tu. Resume-se a ti e ao que és. Para mim. O tanto que és para mim. Este aqui e este agora. Rever os caminhos percorridos para aqui chegar. Para chegar a nós. Ao que somos.


Sorrisos.


Muitos.


(*) smile. pearl jam


Saturday, July 22, 2006

Pipoca.


És fofo. Reguila. Queres tudo à tua maneira. Mas não te resisto quando te aninhas no meu colo porque estás assustado. O teu primeiro dentinho de leite a abanar. Explico-te e pergunto-te se tens medo. Acenas com a cabeça e chegas-te a mim. Pedes para ir contar à tua mãe, coisa que já fiz. És um amor. E pergunto se queres colinho de tia. Acenas com a cabeça e chegas-te a mim.

A festa é tua. A alegria também. Estás mesmo contente, com o teu sorriso lindo e os teus olhos grandes. E fazes exigências para aqui e para ali. Hoje damos-te desconto. Gritas ao abrir as prendas, e ris muito alto, com as tuas gargalhadas e exibes as tuas prendas aos teus convidados, todo orgulhoso.

Brincas de um lado para o outro. Bolas. Jogos. Brincadeiras. Hoje ninguém te pára. Ou pelo menos assim devia ser, mas o teu dente acalmou-te. Mas mesmo esse medo reflectido nos teus olhos não esconde a tua ansiedade de tudo o que a festa tem para ti. És um amor. O amor mais importante de tia.

Parabéns, Pipoca. E não, a tia não se atrasou, apenas quis esperar pela tua festa para ver bem essa tua alegria, esse teu sorriso lindo que tantas vezes me anima e me dá a força que preciso. Os teus abraçinhos apertados. Mesmo quando és mau, sabes que às vezes só te quero pertinho de mim. Gosto quando te chegas de mansinho ao meu quarto e te enfias na cama comigo. Gosto quando me dás aqueles abraços apertados e beijos sonoros. Gosto quando me contas as tuas coisas e os teus segredos. O teu sorriso ilumina o sítio onde estás, Piolho e ilumina-me também onde quer que eu esteja.

Amo-te...

=)



Tuesday, July 18, 2006

pânico.

as tuas palavras. palavras. palavras.

palavras...

p
a
l
a
v
r
a
s
.
.
.

trazem-me lágrimas aos olhos. temo o dia em que. temo. temo.

medo.

m
e
d
o.

e se's?

se. se. se. se. se.

nunca mais encontrarei ninguém assim. como tu.

tu. tu. tu. tu.

t
u
.

não quero.

Thursday, July 13, 2006

Conto de fadas

Lê-se em livros. Vê-se na televisão. Ficção. E depois acontece. Deixa-nos acordados até tarde. Perdidos em recordações de tempos complicadamente simples. Onde pensamentos rodopiam e fazem piscar sentimentos que emergiam sabe-se lá de onde. Aquele lugar onde estão os sonhos guardados em sorrisos silenciosos. O sabe-se lá onde traz-nos sempre surpresas. Don't see it coming. Do sabe-se lá vêm espirais de pensamentos, de sentimentos. Traz perguntas, perguntas, dúvidas, dúvidas. Porque sim. Porque aparecem. Porque quando as horas passam e levam menos de sessenta minutos desconfia-se. Coloca-se a boca de lado, mantém-se o olhar fixo no nada. E desconfia-se. Naquela cadeia de "talvez". Onde as possibilidades, de início, infinitas, começam a diminuir naquela desconfiança. Espirais no centro do corpo alastradas por todo ele. Percorrendo milímetros de pele com pensamentos duvidosos. Poros respiram a dúvida sentida. Absorve a pele, circula no sangue. Bocadinhos de certeza nas horas fugitivas. Voltar atrás para continuar para a frente. Nadas de pensamentos em tudos de sentimentos. Cheio de vida este corpo. Vida cheia esta. Na estrada da linha não-recta. Nos caminhos não-fáceis. De olhos fechados e mãos dadas. Sorrisos silenciosos que seguem sombrancelhas franzidas. Imaginação voadora por uma janela à luz de uma Lua entendedora. Tudo sabe aquela Lua. Segredam-se desejos e medos aos seus ouvidos inexistentes. As horas escapam por entre os dedos qual areia de uma praia qualquer. Sempre uma praia, com uma Lua prateada. O sabe-se lá de onde traz horas ainda não existentes. Espera-se ansiosamente por elas que não existem. Não se sabe delas. Onde quer que estejam. Por aí andam elas. Sempre a escapar. Escapar. Escapar. Ocupadas com palavras soltas ao ar. Perdidas no momento. Desconfiava-se a certeza. Porque quando a certeza sabe a ficção teme-se. Cobardes. Todos. Palavras perdidas melhor usadas nos ouvidos de quem quer que seja. Palavras vindas sabe-se lá de onde. De algures. Vindas dos raios lunares que banham a janela da liberdade, do amor. Essa palavra injusta. Soa a pouco. Esse tanto. Tanto. Tanto. Rodopiam espirais num quadro azul pendurado numa parede de um quarto qualquer. Num sítio qualquer. De quem quer que seja. Verbos fracos. Palavras inúteis. Vazias, vazias. Faltam sorrisos silenciosos. Daqueles. Faltam olhares profundos. Jardim perdido algures à beira rio. Sítio qualquer. Certezas consomem. Momentos certos, diz-se. Espera-se. Impaciente. Rebentar por dentro. Ter tanto. Tanto. Tanto. Tanto. Porque é um dia ficção e um segundo, um minuto, uma hora... muda tudo. Tudo. Tudo. Tudo. Mantendo tudo igual, não mudando nada. Nada. Nada. Porque lê-se nos livros que falam de nós, roubando as nossas recordações e desafiando a nossa memória. E vê-se na televisão os sorrisos e olhares vistos, sentidos, reproduzidos nos ontem's. Porque um dia ficção e no outro acontece.


Monday, July 10, 2006

full moon.




a lua cheia lembra-me de ti.



Sunday, July 09, 2006

forget the world...

we'll do it all, everything, on our own. we don't need anything or anyone. if i lay here. if i just lay here. would you lie with me and just forget the world? i don't quite know how to say how i feel. those three words are said too much. they're not enough. if i lay here. if i just lay here. would you lie with me and just forget the world? forget what we're told. before we get too old. show me a garden that's bursting into life. let's waste time chasing cars around our heads. i need your grace to remind me to find my own. if i lay here. if i just lay here. would you lie with me and just forget the world? forget what we're told. before we get too old. show me a garden that's bursting into life. all that i am, all that i ever was is here in your perfect eyes. they're all i can see. i don't know where, confused about how as well. just know that these things will never change for us at all. if i lay here. if i just lay here. would you lie with me and just forget the world?


chasing cars. snow patrol



Thursday, July 06, 2006

(sem) festa

Aquela festa é tua. Nossa. Lembranças nossas. Horas e horas. Ano após ano. Nos choques. Manobras que conheço de cor. Jogadas que me ensinavas. E eu sempre contigo, do teu lado. Porque, para mim, és dos melhores. Confiava em ti quando dizias que não ia acontecer nada. E nada acontecia. Podia fechar os olhos. Mesmo quando só estávamos os dois e mais um. O gato e o rato. E tu ganhavas. E nós riamos. Gozavas de uma maneira que me fazia chorar de tanto rir. Nós os dois, sempre, e ele e ele. Lembrei-me depois da melhor equipa de matraquilhos. O meu pai e o dele.

Sempre juntos. Nós dois. Porque ia contigo quando daqui não ia. E tu vinhas comigo quando daí não ias. Porque o teu avô tinha os seus contactos. E porque todos os dias lá estavamos nós. Piadas entre ti e o meu pai. Sempre juntos. A ouvir as mesmas conversas, as mesmas histórias. Lembrar delas no dia seguinte.

Perdeu piada quando nos separámos. Porque foi que o trocaste por ele? Não podias ter mantido os dois? Quando foi que cortaste os laços que tinhas? E porquê?

Vou lá. Não é a mesma coisa. Mas vou lá. E lembro-me de ti. Das gargalhadas e das brincadeiras. Da amizade. Tão minha e tua. Invejada amizade. Ao almoço lembrei-me de ti. Puré de batata e sorri sozinha.

Até ti.

As manhãs frias vão sempre ficando para trás. Quando o vento corta a pele e o cabelo chicoteia a cara. O céu de tons cinzentos. No caminho perdem-se pensamentos. Desperdiçados. Jogados ao vento. Outros guardam-se. Jogam-se outros à chuva, quando a há, levados pela água para portos desconhecidos e não-seguros. Outros ficam guardados a sete ou oito chaves. Levam-nos a chuva que limpa a alma. Os dia frios ficam sempre para trás. As noites geladas acompanham com os uivos do vento os sentimentos. A chuva bate no chão como bate o coração. Sentimentos guardados a sete ou oito chaves. O céu negro que aterroriza, ameaça. Presságio. Mas os dias frios ficam sempre para trás. Diz-se que o Sol nasce todos os dias. E quando se ergue no horizonte, ainda fraco, faz brotar pensamentos alegres. Abrem-se janelas para deixar o Sol entrar. Entrar ar. Arejar casas e cabeças. Roupa leve acompanha passos, torna mais fáceis de carregar os pensamentos que se jogam pela janela. Pairam no ar. Quem os apanha? Ninguém os ouve. São meros múrmurios que ecoam no vazio. A brisa leva-os. Lenta. Ainda podem ser apanhados, se não escorregarem por entre os dedos trémulos. Medo de os apanhar. Bocadinhos de verdade, de possibilidade escondidos neles. Bem escondidos. Mal se vêm. Suspeita-se. Ficam presos nas folhas verdes brilhante que os libertam. Pesam demais esses pensamentos. Talvez se fossem levados pela chuva que já não vem... Mas mesmo na chuva, ficariam presos nos grãos de areia. E seriam arrastados pela brisa para a janela. As teias tecem-se. Fios finos, delicados, sensíveis. Tecem-se em várias direcções. Partidos, quebrados, despedaçados. Mas voltam sempre a ser unidos. Senão esses, outros iguais. Pensamentos que tentamos expulsar que voltam. Arrastados. Levados. Jogados. Desperdiçados. Guardados a sete ou oito chaves. No caminho que se vê à frente. Caminhos indefinidos, infinitos nas possibilidades assustadoras. Esperança na linha do horizonte. Sorri-se. Os raios do Sol tocam a cara ferida pelo vento. Aquecem o corpo, aconchegam a alma. Céu azul. Alaranjado no pôr da sua principal estrela. O brilho do mar, como estrelas. Como milhões de caminhos. Quais percorrer? O que escolher? Por onde ir? Deixa-se ser arrastado pelo vento, pela brisa. Cepticismo no destino, por alguns. Crença na Natureza que nos leva, transporta ao desconhecido. Aos pontos de interrogação da vida. Assombrados pela dúvida. Sombra quando o Sol brilha ao se pôr. Sombras grandes, largas, frescas. Pensamentos aí divagados. Perdição. Teias. Tudo se relaciona com tudo. É um nada quando se sai da sombra. Nada passageiro. A Lua lança habilidosamente a sua sombra. Matreira. Persegue amantes que procuram o conforto no amor um do outro. Em toques e beijos secretos que só ela testemunha. Lua invejosa. Amantes que escolhem caminhos ao Luar. E os percorrem pelo Sol. Para todos verem. Nada escondem. As folhas soltam-se dos ramos para serem arrastadas pelo vento para a porta de casa dos pensamentos. Todos voltam. Nenhum é esquecido. Segredos contados aos ouvidos dos amantes, quando a Lua brilha no alto. O luar guarda as palavras relembradas no Sol. Pensamentos desperdiçados jogados no papel como palavras sem sentido. Guardados a sete ou oito chaves. Absorve o papel que ganha ao tempo. Esse injusto, que passa por nós sem nos perguntar se queremos mudar alguma coisa. Sim, dira-lhe eu. Que o vento te traga para perto de mim. Com os nossos pensamentos e sonhos. Que as folhas fiquem presas na minha janela. Que a corrente da chuva me leve até ti. Que te tragam de volta quando fores.


Monday, July 03, 2006

move on.

A dor já cansa. Desgasta-me. Faz doer os olhos. Aperta-me a garganta. Palavras minhas, de quem quer que seja não fazem efeito. A razão não entra. Nem quando eu a imponho. Os porquês não pararam. A revolta não acalmou. O tempo passou e muito pouco mudou. A dor cansa-me os membros. Impede o normal de acontecer. Ages normalmente e fico magoada contigo e enfio-me na cama a chorar porque sei que estou errada e porque dói. Sobre tudo. Sobre ti, sobre ele. Sei que não fizeste nada. Mas queria ter estado contigo. Era mesmo importante ter estado contigo. Foi com esse pensamento que adormeci na noite anterior e foi esse o primeiro pensamento da manhã. Queria não dizer nada e apenas encostar-me a ti. Isso seria o suficiente. Ver esse conforto escapar-me irritou-me, entristeceu-me. O controlo foi fugindo e temi as minhas reacções, as minhas palavras. Controlei-me porque sabia-me errada. A dor sufoca-me e quase que dói quando respiro. Mas parece que há coisas que eu tenho que fazer sozinha. Parece que o conforto que curiosamente procurava em ti, deve ser meu, deve vir de mim. Porque seria esse o desejo dele. Porque para ele o mais importante era viver e sei que às vezes páro a minha vida. Fica parada enquanto espero uma acção. Minha? De outra pessoa? Não sei. Mas tem que acontecer algo para ela voltar. Mas agora, cansei-me. Doem-me os olhos, os membros. Dói-me. Estou cansada de dor, de sofrimento. Aquilo que tu um dia fizeste que me trouxe de volta, servirá para conseguir respirar sem doer. Agarro-me. À ideia de ti. Ao bem que me fazes. E ele ficará orgulhoso. Amo-vos aos dois.


Fofa, obrigada. Por teres ouvido na altura e agora. Desculpa ter-te assustado naquela noite. Mas mais uma vez, foste a que mais ouvi isso. Obrigada, linda.

back in time.

Porque de repente pareceu como nos velhos tempos...

No entendimento de sempre, nas bocas de outros dias.

Na grande tentativa de regressar, nem que seja só um bocadinho, ao passado. Porque no futuro espero encontrar bocadinhos familiares de passado. Um passado que me faz falta. Tentar as partilhas. As naturais partilhas. Recuperar aquela confiança. Tentar pôr para trás as mágoas. Deixá-las ficar lá. No passado.

O peso que aqui está é medo. Medo que nada disto resulte. Medo que não sejas capaz de deixar lá ficar o que lá deve ficar. Medo que mesmo este esforço não vá mudar nada.

Mas esperança. Confiança. Sei de mim. Confio em ti.


Sunday, July 02, 2006

Carla.

Ali na sala. Ela é parecida contigo. Muito mesmo. Seis anos. Tenho pena que não a vejas crescer. A ela e ao Ricardo. Os teus filhos. O Ricardo. Todo ele é pai. Mas a Verónica faz-nos lembrar de ti. Principalmente o olhar. Já não a via há muito tempo, mas quando a vi... Doeu-me. Vê-la parecida àquilo que um dia foste, que nada tem a ver com a última vez que te vi. Da última vez que te vi nem uma pessoa parecias. Não tinhas cor. Ou melhor, tinhas, mas não era cor de pessoas. A tua pele não parecia pela, mas sim cera seca e rugosa. Não estavas vivas, mas sei que se te tivesse visto no dia anterior sentiria a mesma coisa. A falta de vida no teu corpo não se manifestou apenas na tua morte. Os teus cabelos despareceram. Ela não tem os teus cabelos. Tenho pena disso. Tenho pena que não os vejas crescer.