viagens e anjos não condizem. a menos que seja uma
viagem angelical na qual eu participe indirectamente.
imaginem só, os anjos e eu. que mistura diabólica. diria
mais, doentia. as asas brancas reluzentes, amistosas em
contraste com meia asa negra desnudada e incompleta. a
ponte entre a luz e a escuridão. entre o morcego e a
pomba. morcego sangrento que se cola à pomba em
êxtase digno de uma cavalgada infernal. entre mãos
lavadas e sujas consideraria aniquilar os dois.
decidi que um dia domaria a lua e o seu brilho
que me destrói a íris sem quebrar. sugeri que a lua
era o meu território. tolerava a presença dos ritos,
das fadas e dos dagões. mas nunca ocupariam o
meu trono
creio que o meu lar é, no mínimo, saltitante. a lei da
gravidade é imperatriz. jurei que iria descobrir
a fonte daquela luz semi-esbranquiçada e apagá-la.
imaginem o mundo às escuras. não víamos sequer
os anjos a brilharem como pirilampos mágicos.
queria uma viragem, sim! desisti de considerar o
meu estado intermitente. desisti de pensar que podia
desligar a luz da corrente. desisti de procurar essa
soberania abismal que encadeia o espírito mais são.
mas não desisti de imaginar... tirem-me a imaginação
inimaginável e serei um ser comum. arranquem os
pedaços de abstracção de minha pele e reduziriam
a minha existência.
lancei-me então, de braços fechados, numa nova
embuscada. transformar a lua na minha nuvem
impessoal e intransmissível. tomarei as suas rédias
e indicar-lhe-ei o meu caminho. e depois de riscar
as teorias medíocres que me boicotaram lá estava eu
em pleno voo lunar. em plena loucura ou fetiche. uma
das duas, confundiam-se.
possuía a lua sem que os instrumentos de coação fossem
necessários. resisti ao seu efeito aterrador e tórrido e
sentei-me.
anjos e viagens não condizem. portanto, desta feita, esqueci
as viagens. com a lua pálida e os anjos transparentes o mundo
nem parece tão assombrado... os cânticos excruciantes que
gelam freneticamente a alma parecem menos intensos. e dói,
quebra-me tanto descer das asas mortas da lua. forma-se em
mim o vazio desesperante. e a vida de luzes apagadas...
viagem angelical na qual eu participe indirectamente.
imaginem só, os anjos e eu. que mistura diabólica. diria
mais, doentia. as asas brancas reluzentes, amistosas em
contraste com meia asa negra desnudada e incompleta. a
ponte entre a luz e a escuridão. entre o morcego e a
pomba. morcego sangrento que se cola à pomba em
êxtase digno de uma cavalgada infernal. entre mãos
lavadas e sujas consideraria aniquilar os dois.
decidi que um dia domaria a lua e o seu brilho
que me destrói a íris sem quebrar. sugeri que a lua
era o meu território. tolerava a presença dos ritos,
das fadas e dos dagões. mas nunca ocupariam o
meu trono
creio que o meu lar é, no mínimo, saltitante. a lei da
gravidade é imperatriz. jurei que iria descobrir
a fonte daquela luz semi-esbranquiçada e apagá-la.
imaginem o mundo às escuras. não víamos sequer
os anjos a brilharem como pirilampos mágicos.
queria uma viragem, sim! desisti de considerar o
meu estado intermitente. desisti de pensar que podia
desligar a luz da corrente. desisti de procurar essa
soberania abismal que encadeia o espírito mais são.
mas não desisti de imaginar... tirem-me a imaginação
inimaginável e serei um ser comum. arranquem os
pedaços de abstracção de minha pele e reduziriam
a minha existência.
lancei-me então, de braços fechados, numa nova
embuscada. transformar a lua na minha nuvem
impessoal e intransmissível. tomarei as suas rédias
e indicar-lhe-ei o meu caminho. e depois de riscar
as teorias medíocres que me boicotaram lá estava eu
em pleno voo lunar. em plena loucura ou fetiche. uma
das duas, confundiam-se.
possuía a lua sem que os instrumentos de coação fossem
necessários. resisti ao seu efeito aterrador e tórrido e
sentei-me.
anjos e viagens não condizem. portanto, desta feita, esqueci
as viagens. com a lua pálida e os anjos transparentes o mundo
nem parece tão assombrado... os cânticos excruciantes que
gelam freneticamente a alma parecem menos intensos. e dói,
quebra-me tanto descer das asas mortas da lua. forma-se em
mim o vazio desesperante. e a vida de luzes apagadas...
Ana Filipa [Anokas]
és linda. me loves you very much.
5 comments:
maravilhoso. adorei cada palavra. e sublinhaste-as bem, marina, mas o texto no seu todo está realmente maravilhoso :)
ai, ai... muito bom.
beijo grande*
:)
um(a) artista é sempre um artista!
:)
*
isto pa dizer q curti bué...!
lol
muito lindo.
volto a dizer, os meus filhos ainda vão ver a anokas ensandwichada entre fernando pessoa e josé régio num manual de portugues!
brutal!
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you are all too kind!!
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