Sunday, September 23, 2007

amor igual.

há noites em que sim. numa mistura de coisas. esconder-me para ouvir a tua voz, como se já não a ouvisse há tempo tento. hábitos, parece-me. um certo tremer de mãos que não se perdeu no tempo recomposto, renovado, recuperado, desejado. pensar no que será que a tua voz vai levar até ao meu ouvido. acho estranho quando me procuras. quando tens os mesmos quereres que eu, como se fôssemos amor igual. coisa que é impossível. cada qual tem a sua maneira. mas há noites em que me parece que somos amor igual. nas mesmas medidas incertas de mudanças de estação. tudo feito num minuto que sucede ao outro. um certo tremer de mãos que permanece no ouvir da tua voz. o nervosismo de quando não se sabe o que se espera. porque o minuto a seguir é imprevisível. nas nossas mãos que se encontram fechadas. abrem-se baixinho, sem incomodar outros que o segredo delas sempre só a nós nos disse respeito. e guardamo-lo entre as nossas palmas. é estranho quando és tu que me procuras. não estou habituada a ti, nunca estive. a tua familiaridade sabe-me sempre a algo novo. nas surpresas que são naturais e surpreendem pela sua naturalidade. e as coisas que nunca foram ditas? as palavras que por muito repetidas não se gastam entre nós? ficaria uma noite inteira escondida do mundo para ouvir a tua voz no meu ouvido. para sentir que hoje ainda é o que foi há tempos. parece que te descubro todos os dias. parece que me olhas sempre de uma maneira familiarmente diferente. hoje parecemos feitos de um amor igual.

5 comments:

Man Next Door said...

Felizmente, neste mesmo momento, posso afirmar que entendo perfeitamente o que descreves... E que é possível sim haver amores iguais, nem que seja só na nossa mente. :)

P.S.: Boa prosa!

XupaNuPipi said...

Amor igual-gostei desta expressão!Bj ou abraço :-))

Anonymous said...

you are amazing.

thank you.

eudesaltosaltos said...

gst de ler-te... a quietude q parece sair das tuas palavras e das tuas expressões... bj

sahara said...

ah...amor igual. tanto que o procuramos. e como disseste, nunca será igual-igual. mas tem momentos em que é. a balança tem de se equilibrar nem que por um segundo. depois regressa às quantidades habituais mas desde que exista esse balanço momentâneo, o amor partilhado será sempre de igual para igual. :)

gostei muito da maneira como o escreveste.

beijo grande *