foi numa noite em que o nosso "até amanhã" e o "boa noite" me souberam a pouco. ficaram a ecoar no nosso quarto escuro e eu achei que lhes faltava qualquer coisa. foi assim que soube que te amava, amor. quando ficou algo por dizer. e fiquei com a palavra presa na garganta. "até amanhã". e adormeci enrolada em ti com aquela certeza-nervoso miudinho. o acordar a teu lado, sempre tão bom, perfeito na nossa preguiça e vontade um do outro. e eu amei-te nesse "bom dia". era mais do que to dizer, era tu saberes. era chegar àquela fase em que as palavras já não são mais que um complemento daquilo que já se sabe. era isso que era. eu queria que tu soubesses que te amava. queria que soubesses que te queria, que te desejava em todas as medidas do amor e do desejo. queria que soubesses que me tinha perdido em ti. queria que conseguisses traduzir os sorrisos e os olhares que te lançava. que entendesses o que significava quando apertava a tua mão na minha. queria dizer-te que me completavas na medida do amor, do desejo e do sonho. hoje, amor, não gosto que passes um dia sem me ouvires dizer que te amo. é que os meus olhos, amor não podem cair em ti, nem te posso lançar sorrisos. então digo-te, muitas vezes. e há tanto que se diz nessa palavra e tanto que fica por dizer. não te digo, por exemplo, que não precisamos de palavras senão agora que não temos os nossos gestos, que não temos a mão um do outro para apertar. mas juntos, amor, não precisamos de mais nada a não ser a presença um do outro. e quando te digo que espero, não digo as vezes suficientes. é que hoje, amor, debrucei-me na janela de onde te vi partir e dei por mim a ver-te de novo. a dizeres-me adeus, ou até já. enquanto dizias que me amavas. e eu dizia que te amava. enquanto ias, eu sorria e ficava destruida por dentro. hoje, amor, debrucei-me na janela e senti os olhos a humedecerem. e nesse momento quis dizer que te amava, que espero o tempo que for preciso. é que tu, amor, completas-me na medida do amor, do desejo e do sonho.
(*) the cure. there is no if...