Friday, February 16, 2007

there is no if... (*)

foi numa noite em que o nosso "até amanhã" e o "boa noite" me souberam a pouco. ficaram a ecoar no nosso quarto escuro e eu achei que lhes faltava qualquer coisa. foi assim que soube que te amava, amor. quando ficou algo por dizer. e fiquei com a palavra presa na garganta. "até amanhã". e adormeci enrolada em ti com aquela certeza-nervoso miudinho. o acordar a teu lado, sempre tão bom, perfeito na nossa preguiça e vontade um do outro. e eu amei-te nesse "bom dia". era mais do que to dizer, era tu saberes. era chegar àquela fase em que as palavras já não são mais que um complemento daquilo que já se sabe. era isso que era. eu queria que tu soubesses que te amava. queria que soubesses que te queria, que te desejava em todas as medidas do amor e do desejo. queria que soubesses que me tinha perdido em ti. queria que conseguisses traduzir os sorrisos e os olhares que te lançava. que entendesses o que significava quando apertava a tua mão na minha. queria dizer-te que me completavas na medida do amor, do desejo e do sonho. hoje, amor, não gosto que passes um dia sem me ouvires dizer que te amo. é que os meus olhos, amor não podem cair em ti, nem te posso lançar sorrisos. então digo-te, muitas vezes. e há tanto que se diz nessa palavra e tanto que fica por dizer. não te digo, por exemplo, que não precisamos de palavras senão agora que não temos os nossos gestos, que não temos a mão um do outro para apertar. mas juntos, amor, não precisamos de mais nada a não ser a presença um do outro. e quando te digo que espero, não digo as vezes suficientes. é que hoje, amor, debrucei-me na janela de onde te vi partir e dei por mim a ver-te de novo. a dizeres-me adeus, ou até já. enquanto dizias que me amavas. e eu dizia que te amava. enquanto ias, eu sorria e ficava destruida por dentro. hoje, amor, debrucei-me na janela e senti os olhos a humedecerem. e nesse momento quis dizer que te amava, que espero o tempo que for preciso. é que tu, amor, completas-me na medida do amor, do desejo e do sonho.


(*) the cure. there is no if...

Thursday, February 15, 2007

... cause i love you lots

no fim tudo se resumia à falta que ele lhe fazia. nas mãos que ela sentia sempre vazias, distantes das deles. sem ter outro par de mãos para agarrar, sem ter um corpo para sentir. era a falta de ter alguém com quem partilhar aquelas alegrias e aquelas tristezas. no acordar e saber que não ia ver a cara dele e por isso recordar (sempre, sempre) as expressões dele. fechar os olhos e saber o sorriso dele de cor, a expressão do seu olhar, o tom da sua voz a cada frase que ele lhe sussurrava ao ouvido, enquanto as mãos deles permaneciam entrelaçadas. unidas. porque eles próprios permaneciam entrelaçados um no outro. naquele amor que só eles sabiam que tinham e que guardavam só para eles. era o maior dos segredos esse amor. e ela que tanto gostava de se aninhar no peito dele. ele que se entretia a mexer no cabelo dela. eram a combinação perfeita, eles. e havia noites em que ouvir a voz dele lhe partia o coração, em que ela só queria poder tê-lo por perto para tomar conta dele, mesmo sabendo que ele não precisa. no fim tudo se resumia à falta que ela sentia de o acariciar, de lhe dizer que o amava cara a cara. e de o beijar. de o beijar muito. de sentir a pele dele na dela. eram a combinação perfeita, eles. e acreditavam. acreditavam muito.

Saturday, February 10, 2007

never say goodbye.

evertime we do this i fall for her. wave after wave after wave it's all for her. i know this can't be wrong, i say. (and i'll lie to keep her happy) as long as i know that you know that today i belong right here with you. right here with you. and so we watch the sun come up from the edge of the deep green sea. and she listens like her head's on fire. like she wants to believe in me. so i try put your hands in the sky. surrender. remember. we'll be here forever. and we'll never say goodbye. i've never been so colourfully-see-through-head before. i've never been so wonderfully-me-you-want-some-more. and all i want is to keep it like this. you and me alone. a secret kiss. and don't go home. don't go away. dont' let this end. please stay not just for today. never never never never never let me go, she says. hold me like this for a hundred thousand million days. but suddenly she slows and looks down at my breaking face. why do you cry? what did i say? but it's jut rain i smile. brushing my tears away. i wish i could just stop. i know another moment will break my heart. too many tears. too many times. too many years i've cried over you. how much can we use it up? drink it dry? take this drug? looking for something forever gone but something we will always want? why why why are you letting me go? she says. i feel you pulling back. i feel you changing shape. and just as i'm breaking free she hangs herself in front of me. slips her dress like a flag to the floor and hands in the sky. surrenders it all. i wish i could just stop. i know another moment will break my heart. too many tears. too many times. too many years i've cried over you. it's always the same. wake up in the rain. head in pain. hung in shame. a different name. same old game. love in vain. and miles and miles and miles and miles away from home again.



the cure. from the edge of the deep green sea
imagem: kurt halsey


amo-nos.

Friday, February 02, 2007

within reach.

o bom de se terem cordas de material resistente é a sua força. elas não cedem às adversidades. essas coisas de tempo e de espaço. transformam-nas em ninharias. não desfiam. mantém-se fortes e se alguém de algum dos lados a puxar, ela não se parte. recebem-se as suas vibrações de saudade e de amor. o bom das cordas resistentes é ansiar por quem está a segurar do outro lado. à espera, tal como nós. que segura e cuida da ponta que lhes pertence. à espera do encaixe perfeito daquelas mãos que parece que foram feitas para andar sempre juntas. até lá, standing still. em modo de espera. o bom do material resistente é que às vezes ele dura uma vida.



a música: love show, skye.
a série: grey's anatomy.
a imagem: kurt halsey.