Soltou o cabelo que continuava a trazer atado em casa. Linda. Pousou o livro que teimava em pegar todas as noites antes de dormir. Linda, pensou ele. Tão linda como o dia em que a beijou há mais de dez anos atrás. Não, mentira. Mais linda agora que lhe sabia as manias de cor. Os hábitos rídiculos que nunca perdera. Ela rodou sobre si para descobrir uma posição confortável na cama que aprenderam a partilhar e que não trocariam por nada.
- Ainda me gostas? - perguntou ela, quebrando o silêncio. Típico.
- Claro. Sempre mais. Anseio-te quando não te tenho e quando te tenho nunca me és suficiente. Gosto de te saber escorregadia e minha.
- Escorregadia? - já sem esconder um sorriso.
- Sim, pois não és minha. Escapas-me pelos dedos todos os dias com essa certeza que tenho. Mas é quando respondes ao meu amor tão prontamente que te sei mais minha que tudo o resto. É estranho, talvez. Mas adoro saber poder sempre chamar-te para mim. E amo saber que virás.
Ela sorriu.
- Sempre foste um tolo.
Ele sorriu. Já sabia o tamanho do sentimento por detrás desse tipo de palavras que trocavam entre si.
- E tu? - foi a vez dele.
- Eu... És tudo o que não sou. Nunca fui e, possivelmente, nunca serei. É assim que te vejo, como a outra metade de mim. Um outro eu. Um mundo por descobrir, com um mapa que pareço trazer dentro de mim e que sei de cor instintivamente. Conheço-te à distância, pelos teus movimentos. Podiam até vendar-me os olhos que te reconheceria pelo toque já entranhado na minha pele. Estás impresso em mim, até ao fim.
Boa noite.
Saturday, February 16, 2008
#23
Posted by marina at 1:48 pm 9 comments
Wednesday, February 06, 2008
#22
ao chegar a casa o céu oferecia-me estrelas.
diz que vamos voltar a vê-las de perto, amor.
diz.
Posted by marina at 11:13 pm 5 comments
Saturday, February 02, 2008
#21
diz que hoje damos provas de estarmos sempre prontos a crescer e a evoluir em conjunto. mesmo que a vontade seja mais minha do que tua, dás-me provas do nosso caminho. damo-nos provas que ainda há muito pela frente, há tanto a encarar de peito aberto. ainda há tantas maneiras de crescermos juntos. se me acompanhares assim, desta maneira, como estás a fazer agora, tudo corre bem.
Posted by marina at 4:52 pm 5 comments
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