Thursday, July 13, 2006

Conto de fadas

Lê-se em livros. Vê-se na televisão. Ficção. E depois acontece. Deixa-nos acordados até tarde. Perdidos em recordações de tempos complicadamente simples. Onde pensamentos rodopiam e fazem piscar sentimentos que emergiam sabe-se lá de onde. Aquele lugar onde estão os sonhos guardados em sorrisos silenciosos. O sabe-se lá onde traz-nos sempre surpresas. Don't see it coming. Do sabe-se lá vêm espirais de pensamentos, de sentimentos. Traz perguntas, perguntas, dúvidas, dúvidas. Porque sim. Porque aparecem. Porque quando as horas passam e levam menos de sessenta minutos desconfia-se. Coloca-se a boca de lado, mantém-se o olhar fixo no nada. E desconfia-se. Naquela cadeia de "talvez". Onde as possibilidades, de início, infinitas, começam a diminuir naquela desconfiança. Espirais no centro do corpo alastradas por todo ele. Percorrendo milímetros de pele com pensamentos duvidosos. Poros respiram a dúvida sentida. Absorve a pele, circula no sangue. Bocadinhos de certeza nas horas fugitivas. Voltar atrás para continuar para a frente. Nadas de pensamentos em tudos de sentimentos. Cheio de vida este corpo. Vida cheia esta. Na estrada da linha não-recta. Nos caminhos não-fáceis. De olhos fechados e mãos dadas. Sorrisos silenciosos que seguem sombrancelhas franzidas. Imaginação voadora por uma janela à luz de uma Lua entendedora. Tudo sabe aquela Lua. Segredam-se desejos e medos aos seus ouvidos inexistentes. As horas escapam por entre os dedos qual areia de uma praia qualquer. Sempre uma praia, com uma Lua prateada. O sabe-se lá de onde traz horas ainda não existentes. Espera-se ansiosamente por elas que não existem. Não se sabe delas. Onde quer que estejam. Por aí andam elas. Sempre a escapar. Escapar. Escapar. Ocupadas com palavras soltas ao ar. Perdidas no momento. Desconfiava-se a certeza. Porque quando a certeza sabe a ficção teme-se. Cobardes. Todos. Palavras perdidas melhor usadas nos ouvidos de quem quer que seja. Palavras vindas sabe-se lá de onde. De algures. Vindas dos raios lunares que banham a janela da liberdade, do amor. Essa palavra injusta. Soa a pouco. Esse tanto. Tanto. Tanto. Rodopiam espirais num quadro azul pendurado numa parede de um quarto qualquer. Num sítio qualquer. De quem quer que seja. Verbos fracos. Palavras inúteis. Vazias, vazias. Faltam sorrisos silenciosos. Daqueles. Faltam olhares profundos. Jardim perdido algures à beira rio. Sítio qualquer. Certezas consomem. Momentos certos, diz-se. Espera-se. Impaciente. Rebentar por dentro. Ter tanto. Tanto. Tanto. Tanto. Porque é um dia ficção e um segundo, um minuto, uma hora... muda tudo. Tudo. Tudo. Tudo. Mantendo tudo igual, não mudando nada. Nada. Nada. Porque lê-se nos livros que falam de nós, roubando as nossas recordações e desafiando a nossa memória. E vê-se na televisão os sorrisos e olhares vistos, sentidos, reproduzidos nos ontem's. Porque um dia ficção e no outro acontece.


5 comments:

Tati said...

«life oh life turututu»
lolol
sabs o q era fixe? o aladino!é um daqueles filmes infantis mta baris!lol

joana said...

epah, eu ate tenho medo de comentar... deves estar escaldada comigo e n queria alarmar-te...

axo k vou entrar num workshop cmg mm para ver se aprendo a controlar a mnha chandlericidade (bem posso fazer pranayamas mentais!...)

aki fica-se pla ficção da forma mais pacifica que se arranja (tirando c o kenneth, mas ai é diferente!). Inda bem que cá estás para me rebentar o balão quando voa demais, ou quando os contos de fadas se tornam a minha segunda (quase primeira) realidade.

quando aos teus contos de fadas... não percebo esse gosto pelo "quase"! entre o não-ser e o ser, esse periodo de tempo stressa-me! e todos quando ja estão na fase seguinte dizem k é o maximo!

a outra fase (que eu gosto de chamar, "construir a casa de gengibre!".... sim, inventei agora, é fofo), essa sim, é os mimos para ca e para la, e as piadinhas, e os beliscões, e a exploração do outro com carta branca!...

e essa do "quando menos se espera"... inda vou tentar acreditar nisso.. de forma saudavel ;)

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sahara said...

dá que pensar. e no entanto pensar é coisa que se deve evitar para não deixar passar oportunidades dessas. ouvir o instinto, que é como quem diz o coração, e seguir em frente. "arriscar" sabendo que a loucura é sã quando toca ao amor.

acontece. temos os pontos comuns da ficção mas nada bate o conto de fadas que se cria todos os dias nessa realidade a dois. e mesmo assim, rever os supostos olhares nos filmes, nos livros, até nas músicas, os olhares que são iguais aos teus mas no fundo não são. porque o nosso amor é sempre nosso e é sempre o melhor dos melhores. para nós :)

beijo grande*

p.s: gostei muito, marina. :)

eli said...

mto bonito! gosto quando as coisas pareciam inalcansáveis acontecem nem que seja por segundos, por vezes mudam a nossa vida para sempre.
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Martinha said...

Post cheio. Muito cheio de ti :)

muito cheio de palavras certas e determinadas (por ti ou por uma força que mora perto).

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