Ali na sala. Ela é parecida contigo. Muito mesmo. Seis anos. Tenho pena que não a vejas crescer. A ela e ao Ricardo. Os teus filhos. O Ricardo. Todo ele é pai. Mas a Verónica faz-nos lembrar de ti. Principalmente o olhar. Já não a via há muito tempo, mas quando a vi... Doeu-me. Vê-la parecida àquilo que um dia foste, que nada tem a ver com a última vez que te vi. Da última vez que te vi nem uma pessoa parecias. Não tinhas cor. Ou melhor, tinhas, mas não era cor de pessoas. A tua pele não parecia pela, mas sim cera seca e rugosa. Não estavas vivas, mas sei que se te tivesse visto no dia anterior sentiria a mesma coisa. A falta de vida no teu corpo não se manifestou apenas na tua morte. Os teus cabelos despareceram. Ela não tem os teus cabelos. Tenho pena disso. Tenho pena que não os vejas crescer.
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3 comments:
se ha momentos em k lamentamos profundamente a ausencia de alguem de quem gostamos, a contemplação dos parentes mais próximos, sobretudo os filhos, (sabendo que ele nao estará ali) parece custar muito mais... por ele, por voces, por eles...
mas por muito que custe a vida é mesmo assim. dói e é estupido e aparentemente sem razão, mas é mm assim...
custa, mas eventualmente a dor vai passar e fica apenas a pena, a lembrança, a saudade...
e quanto a eles, não tenhas medo - são mais fortes do que parecem, aguentam melhor do que "nós crescidos" (And you can trust me on this one; I've been there, and believe me when I say it will be alright!)
bjoka grande*****************************
[] [big hug]
* no words available *
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quando se encara o legado, quando se encara quem fica, parece que presenciamos também a vida a passar em frente dos nossos olhos e acredito que doa. muito. e esses olhares familiares; pedacinhos lindos de outras pessoas, sempre. a vida corre através dessas figuras, dessas expressões. a vida corre. e o olhar não deixa mentir.
beijo grande* (envolvido num abraço de carinho silencioso)
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