[the windmills of your mind. dusty springfield]
E às vezes (ainda) surges em conversas e eu (ainda) vou buscar a foto que (ainda) está na mesinha de cabeceira. O nó (ainda) cresce. E (ainda) o sinto a bater no peito. Uma dor contínua. Um aperto que me sufoca devagarinho. Necessidade de pôr a mão no peito. Uma dor baixinha, baixinha, que só eu a oiço. Quanto mais perto se está, mais custa ser afastado (directamente de uma conversa). Lembranças de ti. O que me custa olhar para a foto onde estão vocês todos. Juntos. Seis mais um. Agora já não. Cinco mais um. As lembranças...
Lembro-me (e ainda consigo sentir) da minha cara quente encostada à tua cara gelada da morte. Era o último dia. E aquele que mais custou. Lembro-me de ter ido até à Igreja e ver flores e mais flores. E ajoelhei-me ao pé da coroa dos sobrinhos e chorei. Baixinho, baixinho. As pessoas entravam e olhavam para mim. Algumas traziam ainda mais flores. E levanto-me, Igreja cheia. Com licenças até o ver. Ali deitado. É agora. Se não for, nunca me perdoarei. Ajoeilhei-me Cara na tua testa. Lágrimas escorriam. E olhavam para mim. Mas eu, pela primeira vez, não quis mesmo saber. É meu tio. Tenho o direito de lhe tocar a cara gelada e de o beijar e de me despedir dele. Não quis mesmo saber. Estavas tão frio. E desculpa se te molhei a cara com as minhas lágrimas. E chorei, baixinho, baixinho. E fechei os olhos e chorei. Baixinho. Levantei-me e a minha avó olhou para mim. Gostas de me ver assim? Pensei. Já viste que era assim que me ias deixar? Continuei eu a pensar. Saí.
A última despedida guardada para o último dia.
Ainda choro por ti.
[the windmills of your mind. dusty springfield]
E às vezes (ainda) surges em conversas e eu (ainda) vou buscar a foto que (ainda) está na mesinha de cabeceira. O nó (ainda) cresce. E (ainda) o sinto a bater no peito. Uma dor contínua. Um aperto que me sufoca devagarinho. Necessidade de pôr a mão no peito. Uma dor baixinha, baixinha, que só eu a oiço. Quanto mais perto se está, mais custa ser afastado (directamente de uma conversa). Lembranças de ti. O que me custa olhar para a foto onde estão vocês todos. Juntos. Seis mais um. Agora já não. Cinco mais um. As lembranças...
Lembro-me (e ainda consigo sentir) da minha cara quente encostada à tua cara gelada da morte. Era o último dia. E aquele que mais custou. Lembro-me de ter ido até à Igreja e ver flores e mais flores. E ajoelhei-me ao pé da coroa dos sobrinhos e chorei. Baixinho, baixinho. As pessoas entravam e olhavam para mim. Algumas traziam ainda mais flores. E levanto-me, Igreja cheia. Com licenças até o ver. Ali deitado. É agora. Se não for, nunca me perdoarei. Ajoeilhei-me Cara na tua testa. Lágrimas escorriam. E olhavam para mim. Mas eu, pela primeira vez, não quis mesmo saber. É meu tio. Tenho o direito de lhe tocar a cara gelada e de o beijar e de me despedir dele. Não quis mesmo saber. Estavas tão frio. E desculpa se te molhei a cara com as minhas lágrimas. E chorei, baixinho, baixinho. E fechei os olhos e chorei. Baixinho. Levantei-me e a minha avó olhou para mim. Gostas de me ver assim? Pensei. Já viste que era assim que me ias deixar? Continuei eu a pensar. Saí.
A última despedida guardada para o último dia.
Ainda choro por ti.
[the windmills of your mind. dusty springfield]
5 comments:
pois eh linda, ainda custa. acho que vai custar (para) sempre. foi o novo conceito de sempre q aprendi. que estou a aprender.
...
bj grande*
you girls..... não sei que dizer para vos confortar...
(eu não queria entrar pelos chavões do costume, mas com escapar?)
essas são feridas que só mesmo com o tempo (e alguma ajuda social :P) pode(m) sarar. Mas no fim fica a ferida. A lembrança. Uma dor ténue. That's all. Custa, demora e são experiências que todos os lados positivos que se possam encontrar parecem mesquinhos, insignificantes e claramente insuficientes, mas a vida é mesmo assim...
porquê? não faço ideia! ninguém faz! esse é mais outro (suposto) "encanto" do mistério da vida...
(e mais outra vez vou resistir à tentação de cantar o genérico dos Friends, mas fica a intenção ;P)
love u*************************************
dói sempre... e dizer que passa com o tempo não é totalmente verdade... como diz a joana, fica sempre a ferida. e dói lembrar, dói perceber q o tempo n volta atrs. mas é assim a vida. temos de nos apoiar uns nos outros é tentar ultrapassar da melhor maneira. o que todos sabemos é que eles ficam sempre connosco e que estarão sempre nos nossos corações. reaviva-o dentro de ti, sempre*****
beijo gd*
"Like a circle in a spiral
Like a wheel within a wheel
Never ending or beginning
On an ever-spinning reel"
still, time will dull the edges a big, lass... it's bound to...
all the hurt and the bitterness and the sadness will go away leaving just the memories... and those are worth keeping.
*************************
e ainda vai ser assim. aceitar que ainda. tentar ainda.
tears sometimes are the best helpers to bare what we have inside. mas they also will someday dry out. and leave space for a melancholic smile :)
beijo grande*
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