Tuesday, January 31, 2006

Lágrima

Pára!!!!! Volta atrás...mais atrás! Aí! E deixa ficar aí. Não quero estar neste agora. Não gosto. O que é isto? Uma lágrima. Um nó na garganta. Não, não a deixo cair. Não a deixo rolar na minha cara e salgar os meus lábios. E o nó? Que posso eu fazer com ele?

Pára. Volta atrás e deixa-me lá ficar. Na ignorância. Ou então, leva-me para o amanhã. Não gosto deste agora. Esta lágrima teima em cair, mas eu não a deixo. Não quero. Ainda sou que mando nela. Ela grita e diz "Deixa-me ir!!". Mas eu não deixo. Pára. Tu. Eu. Tudo. Pára tudo.

Tira a lágrima, mas não a deixes cair. Desfaz o nó, mas não provoques a lágrima. O que digo? Não me ouças! Ignora-me. Deixa este agora. A mim. Sim, a mim, só me torna mais forte. Sim. Certa disto e certa daquilo. Mas tira a lágrima e desfaz o nó.

Abre os braços. Deixa-me pôr o lágrima no teu peito. Tira-a de mim, mas não a deixes cair. Desfaz o nó. Sorri para mim. E diz aquilo que quero ouvir. Sim, assim já ouço. Mas, ela vai cair. Eu sinto. O nó desfaz-se. Ela vai cair.

Abre os braços. Deixa-me aí ficar. Contigo. Deixa-me. Ela é teimosa. Não quero. Deixa-me ficar. E não me contes. Ela vai cair.

Vidros no chão. Na secretária. Em todo o lado. Menos no teu peito. Abre os braços e deixa-me aí ficar. O nó desfaz-se. Deixa-me ficar.

Vidros e mais vidros. Cortei-me (outra vez). Mas o sangue não escorre. Mas dói. E o nó aumenta. A lágrima quer cair. Não a deixo. Agarra-me nas mãos. Estão frias. Toca-me na cara. Está triste. Beija-me a boca. Não sorri. Abraça-me. Aconchego-me em ti. Abre os braços. Deixa-me aí ficar. O nó desfaz-se e a lágrima volta para dentro. Eu não a deixei cair (por enquanto).

Aconhega-me. Deixa-me ficar. Aqui. Agora.

8 comments:

eli said...

chora, se tens vontade, chora. acabas por ficar mais aliviada. depois de chorar parece que tudo já passou. não vale a pena tentarmos mandar nelas porque não obedecem, por vezes são mais fortes que nós.
um aconchego é bom, sabe bem. alguém que não nos pergunta nada, apenas nos deixa chorar naquele ombro bom.
bjinhos gandes

joana said...

agarrar a lagrima é uma tentativa de manter uma postura, de não te renderes perante o que for. sê sempre uma lutadora. no entanto, se vires que não consegues aguentá-la por muito mais tempo deixa-a cair (so uma vez e so uma lagrima), apenas para regressares com mais força. como dizia lenine, por vezes é preciso dar um passo para trás para dar dois para a frente ;)

bjokas

Sari said...

tadita da lagrima... ela so keria sair!

:) liking a lot to visit "you"

**

sahara said...

eu também sou adepta de deitar cá para fora esse stresse. chegam a ser incómodas as cabras das lágrimas mas é uma força que alguns não conseguem suportar (por muito tempo). e quer queiramos quer não, alivia um pouco. não melhora o que nos perturbou, mas alivia :)
e depois do dilúvio, pensamos com mais calma e encaramos melhor o assombro. porque a vista já não está toldada pela água. e a respiração também corre com mais fluidez.

continuas a ser uma mulher forte :)

beijo mt grande linda

take it easy on you *

sancie said...

Let it out and then rise above it:).

Beautifully written as always!

love u***

Tati said...

olha com tanta teoria sobre uma simples lágrima que queria cair em liberdade e lutar pela independencia do seu país e dos seus (a família lágrimas!) eu digo-te:

Oh lágrimas, voltem pra trás
Tragam-me tudo o que eu perdi,
Tem pena, e dá-me a vida
A vida que eu já vivi
Oh lágrimas, voltem pra trás
Tragam-me as minhas esperanças vãs...

(substituí a palavra tempo por lágrimas)

opa as lágrimas foram feitas para cair...deixa-as ir!ok? com elas ai dentro não ganhas liberdade mas opressão.(mt a serio)

Martinha said...

que se chore quando é preciso... é preciso seguir-se um caminho para se chegar ao fim. se a não deixares correr, vai guardar-se gelada no teu peito e gelar-se também. que caia... mas não a pises quando passares ;)

beijinhos grandes

Anonymous said...

Espero que as palavras sejam esclarecedoras.


Queria libertar a minha alma
Deixá-la vaguear no horizonte
Mas parece agarrar-se
À vida?! Que vida?

Vou sussurrar-te levemente:
«És livre para sumir,
E para corromper outras mentes
És Invisivel, não sentes!»