Aparecem de mansinho, durante a noite, enquanto dormimos. São crianças com botinhas de lã que se passeiam pela casa por horas tardias e não querem acordar os seus pais.
São pequeninas, pelo menos no início. Ouvi dizer que algumas já nascem em nós, mas eu não acredito. Acho que vêm pela calada da noite, surrateiramente, enfiam-se por debaixo dos lençóis e agarram-se a nós. E cá ficam. Pelo menos até as mandarmos embora.
Mas não depende só de nós. Dizem que elas crescem e que podem perder tamanho, consoante a quantidade de comida (importância) que lhes damos. São alimentadas por mim. E por ti. E por todos que comigo se cruzam.
Aparecem, agarram-se a nós. Por vezes, são alimentadas de tal maneira que perdemos o seu controlo e passamos a ser nós alimentados por elas. Chamam a isto: loucura, insanidade, perda de consciência. Dominam-nos.
Há aquelas que são boas. Há aquelas que são más. É preciso cuidado com a quantidade de comida (importância) que lhes damos.
Ouvi dizer que algumas morrem, e dão lugar a novas crianças, com o mesmo nome, com características semelhantes, mas diferentes. Mesmo aquelas que têm o mesmo nome são diferentes. Elas são sempre diferentes. Não há duas iguais. É, pura e simplesmente, impossível.
Variam consoante tudo. Tudo as transforma. São muito sensíveis, mais do que nós próprios, e mais do que aquilo que queremos que elas sejam. Captam tudo, sem que nos aprecebamos, só para mais tarde nos lembrarem (qual dor, ou alegria!). Já deixei algumas morrer. Algumas felizmente. Outras infelizmente. Mas com tudo é assim. Nada permanece igual. Tudo muda. TUDO.
Elas ensinam coisas importantes. Manter o que deve ser mantido. Libertar o que deve ser libertado. E não fazer muitas perguntas. São crianças. Não sabem o que é o mundo. Limitam-se a guiar-nos. E, nós, estúpidos seres humanos sentimentalóides, deixamo-nos guiar, cegamente, por elas.
Ouvimos as suas vozes e sorrimos ou choramos, de uma maneira ou de outra, elas controlam-nos e, nós, estúpidos seres humanos sentimentalóides, deixamo-nos controlar. Paramos sempre para as ouvir. Elas manipulam-nos.
Eu páro e escuto. E o que escuto? Ah...risos! Gargalhadas de crianças (felizes!), e o vento que agita as folhas. Sim, ouço as folhas roçarem umas nas outras emitindo sons que se assemelham ao amachucar do papel. E deixo-as plantar (novamente). Foram elas. Só podem ter sido elas.
Durante a noite, pé ante pé, plantaram. E sussurram aos meus ouvidos palavras indecifráveis que me fazem sorrir. O que dizem elas? Não sei, e nem vou tentar descobrir. Mas, na imensidão de vozes que ouço consigo identificar uma frase. Constante. Uma e outra vez. E outra vez. E sorrio.
São pequeninas, pelo menos no início. Ouvi dizer que algumas já nascem em nós, mas eu não acredito. Acho que vêm pela calada da noite, surrateiramente, enfiam-se por debaixo dos lençóis e agarram-se a nós. E cá ficam. Pelo menos até as mandarmos embora.
Mas não depende só de nós. Dizem que elas crescem e que podem perder tamanho, consoante a quantidade de comida (importância) que lhes damos. São alimentadas por mim. E por ti. E por todos que comigo se cruzam.
Aparecem, agarram-se a nós. Por vezes, são alimentadas de tal maneira que perdemos o seu controlo e passamos a ser nós alimentados por elas. Chamam a isto: loucura, insanidade, perda de consciência. Dominam-nos.
Há aquelas que são boas. Há aquelas que são más. É preciso cuidado com a quantidade de comida (importância) que lhes damos.
Ouvi dizer que algumas morrem, e dão lugar a novas crianças, com o mesmo nome, com características semelhantes, mas diferentes. Mesmo aquelas que têm o mesmo nome são diferentes. Elas são sempre diferentes. Não há duas iguais. É, pura e simplesmente, impossível.
Variam consoante tudo. Tudo as transforma. São muito sensíveis, mais do que nós próprios, e mais do que aquilo que queremos que elas sejam. Captam tudo, sem que nos aprecebamos, só para mais tarde nos lembrarem (qual dor, ou alegria!). Já deixei algumas morrer. Algumas felizmente. Outras infelizmente. Mas com tudo é assim. Nada permanece igual. Tudo muda. TUDO.
Elas ensinam coisas importantes. Manter o que deve ser mantido. Libertar o que deve ser libertado. E não fazer muitas perguntas. São crianças. Não sabem o que é o mundo. Limitam-se a guiar-nos. E, nós, estúpidos seres humanos sentimentalóides, deixamo-nos guiar, cegamente, por elas.
Ouvimos as suas vozes e sorrimos ou choramos, de uma maneira ou de outra, elas controlam-nos e, nós, estúpidos seres humanos sentimentalóides, deixamo-nos controlar. Paramos sempre para as ouvir. Elas manipulam-nos.
Eu páro e escuto. E o que escuto? Ah...risos! Gargalhadas de crianças (felizes!), e o vento que agita as folhas. Sim, ouço as folhas roçarem umas nas outras emitindo sons que se assemelham ao amachucar do papel. E deixo-as plantar (novamente). Foram elas. Só podem ter sido elas.
Durante a noite, pé ante pé, plantaram. E sussurram aos meus ouvidos palavras indecifráveis que me fazem sorrir. O que dizem elas? Não sei, e nem vou tentar descobrir. Mas, na imensidão de vozes que ouço consigo identificar uma frase. Constante. Uma e outra vez. E outra vez. E sorrio.
7 comments:
fizeste-me chorar. não que seja dificil mas fizeste-me chorar. sentimentalices pelas minhas crianças. aquelas que já matei. aquelas que ainda se escondem. e as outras que ainda me fazem muitas, muitas cócegas.
amei o teu texto. mesmo muito. vou ler outra vez.
beijo grande*
True... so very much...
Damn those sneaky, sneaky little children that just keep lurking about :D.
********
luv u ;)
fgo, adorei o texto!... (serão elas o contrario dakilo a que chamamos consciência?..... n sei...) Pah vais-m desc mas n vou comentar tds os outros textos, já vos contei da minha maratona p conseguir ler td LOL mas fiquei mt mt agradada, keep up the good work girl!:)
**************:)
[landa=p]
existem crianças que se vão embora mas outras teimam em ficar, secalhar porque se sentem bem no nosso aconchego. alimentamo-las com isto e aquilo e assim se deixam ficar. elas quando se vao embora acabam por se renovar noutras iguais mas so na forma, o interior é diferente, não pode haver copias, cada uma tem a sua caracteristica propria.não tentes descobrir, continua "ignorante", nem tentes entender, aproveita apenas.
texto lindo.
bjinhos
Eu gosto de banda desenhada, cores brilhantes, jogos de vídeo e chocolate.
Não tenho uma criança dentro de mim.
Eu sou uma criança.
wow.... isto para mim é uma nova marina... uma que eu não sabia que existia, mas inda bem que se veio agora a descobrir ;)
adorei o teu texto. realmente sempre senti como que uma criança às minhas cavalitas para onde quer que vá... a sério... não estou a brincar, é mesmo como uma presença constante...
mais uma vez, continua assim e que nunca te extingas
Este é no minimo filosofico =)gostei da metáfora que usas. Para mim são sentimentos ou pessoas. Pode ser muita coisa, só tu que escreves-te sabes. Mas gostei, alias confesso estar positivamente surpreendida com a tua escrita. um beijo.
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