não é segredo para ninguém que:
a) me é extremamente próximo;
b) por motivos profissionais, se tornou necessário informar;
c) por interesse e preocupação viu que algo estava a falhar e perguntou.
não é segredo para ninguém que:
a) estou respondona e rabugenta e com péssimas qualidades sociais;
b) vivo com o coração nas mãos;
c) medo, medo, medo, medo, medo.
isto de a nossa vida estar fora das nossas mãos não é coisa com a qual lide muito bem. tenho os meus planos, as minhas ideias, não penso que sou controladora, mas sempre gostei de intervir directamente na minha vida. mas não pode ser. dia 18 está já aí ao virar da esquina e com esse dia, com essas 24 horas que o dia tem, com os minutos que as palavras demorarão a dizer, a minha vida pode ir para 8 ou 80 e eu não vou ter nada a dizer. eu não vou ter um "eu" na equação, porque eu não sou equação.
quem me ama e quem me é próximo do coração sabe os passos que tenho dado num sentido que me afasta de toda a aprendizagem que fiz nos últimos anos. uma aprendizagem que não me diz nada agora. porque não é eu saber as bases do Romantismo inglês, ou as características da escrita da Shakespeare, para não deixar de lado o sonho americano, que vai curar o cancro do meu pai. cá está. não é segredo para ninguém. o cancro do meu pai. que vive no corpo do meu pai. não são as fotocópias compradas e as teorias lidas que o vão tirar dali. e por isso, que me ama e quem me é próximo do coração sabe os passos que tenho dado num sentido que me aproxima de algo melhor. que me aproxima de algo que talvez até possa fazer uma diferença. talvez, não agora, talvez não pelo meu pai. mas talvez mais tarde. talvez um dia eu deixe de ser impotente e possa orientar alguém para um melhor caminho. acredito naquilo que tenho vindo a aprender. acredito que faz de mim uma pessoa melhor, mais capaz. e, de momento é isso que tenho como garantido. porque dia 18 está já aí a chegar-nos à porta. já oiço os passos.
tick-tack
é só o meu coração que seguro nas minhas mãos. tudo o resto, não é palpável para mim. como é que se faz este processo? como é que se espera calmamente, respirando 1, 2, 3, expirando 1, 2, 3. valham-me as pequenas coisas. valham-me as presenças que não superam as ausências. não superam a tua ausência. porque depois de dia 18 é tudo presente ou ausente. e eu não sei.
eu não sei.
eu não sei.
dia 18 decide por mim e eu espero.
espero.
espero.
1, 2, 3. 1, 2, 3.
1, 2, 3. 1, 2, 3.
1, 2