há coisas que quando tiradas de mim acabam com o que sou. há sempre que ter um cuidado com o quê de mim pegar. há coisas que não me definem, que constam apenas de mim. são acessórios. outras não. tirar-me outras é tirar um suporte do que sou. em torno do quê me construo. as palavras que formulam o que sinto e o que penso podem ser pesadas o suficiente para me afundarem ou deixarem os meus olhos vermelhos. talvez com a cabeça em silêncio as noites começassem a ser diferentes. tenho coisas que não há como tirar de mim. escolher algo sobre elas, é anular-me. apagar-me. mas carregar no delete não faz com que não exista. eu existo. existo sob determinadas condições que a mim me cabem entender. não vai ser agora que estou a acordar para mim que vou dar comigo esbatida em tons carvão, com aparas de borracha ao meu lado. sou-me consciente o suficiente. não é o espaço que me define, é a forma. é a liberdade. é, acima de tudo, a liberdade de eu puder ser-me. agora estou a acordar em para mim para mim. estou a entender-me e a dar comigo a ser-me. agora, só por agora, estou a ser livre para isso.
e amanhã ser-me-ei novamente.
e amanhã ser-me-ei novamente.
(*) writings on the wall. the album leaf
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