Saturday, August 20, 2011
carta ao pai #12
Posted by marina at 7:03 pm 0 comments
Tuesday, August 09, 2011
# 106
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moínha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
Posted by marina at 7:29 am 0 comments
# 105
Posted by marina at 1:47 am 0 comments
duh
Posted by marina at 12:00 am 0 comments
Monday, August 08, 2011
Thursday, August 04, 2011
Monday, July 25, 2011
*
Posted by marina at 9:59 pm 0 comments
Wednesday, July 20, 2011
echoes, silence, patience and grace
Posted by marina at 4:13 pm 0 comments
Wednesday, July 06, 2011
# 103
Posted by marina at 12:11 am 0 comments
# 102
Posted by marina at 12:09 am 0 comments
Friday, June 24, 2011
# 101
Posted by marina at 11:03 am 0 comments
Tuesday, June 21, 2011
# 100
Posted by marina at 11:58 pm 2 comments
Monday, June 20, 2011
Saturday, May 21, 2011
Monday, May 09, 2011
Wednesday, May 04, 2011
5 Things I Learned from Yoga & Use in Difficult Times
http://www.mindbodygreen.com/0-2363/5-Things-I-Learned-from-Yoga-Use-in-Difficult-Times.html
:)
Posted by marina at 1:30 pm 0 comments
Friday, April 29, 2011
carta ao pai #10
Posted by marina at 9:15 am 0 comments
Wednesday, April 27, 2011
carta ao pai #9
Posted by marina at 10:45 am 0 comments