Tuesday, December 29, 2009

gust of... *

acho que é chegada a altura do ano em que me viro um bocadinho para dentro. o final de um ano tem sempre um sabor agri-doce para mim. mas este ano tem um sabor muito mais doce. gosto imenso que este ano esteja a acabar. este ano que deixa das maiores cicatrizes que tenho, que marca grandes auges de tristeza e tão poucas notas de alegria. este ano vai, f i n a l m e n t e, acabar. ano marcado pelo nascimento da minha sobrinha. pela nossa primeira road trip. e pronto, ficam por aqui os marcos felizes. não quero com isto deixar passar uma vidinha tão miserável e coitadinha-de-mim. quero apenas que fique registado que tirando estes dois eventos, as coisas que mais marcaram este ano foram as algumas idas ao médico devido a estados de espírito não muito contentinhos (e o obrigada já repetido pela companhia nunca é demais). foi todo o caso do meu avô que se viu obrigado a aceitar que lhe cortassem a perna que há tantos anos (mais do que aqueles que eu tenho) o atormentava e morreu no dia seguinte. a completar com o facto de poucos dias antes termos recebido a carta a anunciar o carcinoma do meu pai. good times. mas vamos por partes. não vou aqui falar das idas ao médico que decorreram mais ou menos durante o primeiro semestre do ano, porque não vale a pena. porque já não me pesa nos ombros e não me traz angústia ao peito. vou antes falar do meu avô. joão. que me criou com a minha avó. ensinou-me a andar de bicicleta também. lembro-me bem. lembro-me também que nos dias de chuva ia-me buscar à escola na sua motorizada, com uma gabardina amarela. era genial ver aparecer uma mancha amarela no meio de um dia cinzento. grande avô. era caçador o avô joão. tenho memórias de acordar às 5 horas da manhã, quando os seus companheiros o iam buscar a casa. lá iam todos. como era caçador, o avô joão tinha sempre muitos cães. o meu preferido era o casa nova. éramos os dois crianças, ele mais novo do que eu, mas brincávamos muito. o avô teve, em tempos, uma cadela muito má. chamava-se toupeira. uma vez, o avô joão, fechou-nos na sala com a toupeira. nós éramos: eu, o avô joão, a avó, a irmã e penso que a mãe, mas sem certezas. não nos podíamos mexer, porque ao mínimo movimento, a cadela rosnava-nos e ladrava e o avô joão ria muito alto. sempre riu muito alto. dava belas gargalhadas. ria muito e a irmã estava furiosa. leve a cadela daqui para fora! deixe-nos lá sair! dizia ela, mas mal ela abria a boca e a toupeira soltava mais um rosnar mauzão. e o avô joão tornava a rir. o avô joão era muito amigo. gostava muito dos netos. e gostava muito dos respectivos dos netos. para ele aquilo que os netos escolhiam só podia ser bom. e eu sabia. ou não sabia, mas desconfiei. ou algo me disse que. não sei o que foi, mas tive de dizer "quero que conheças o meu avô antes que ele morra". e foi mesmo a tempo. mas não foi tempo suficiente. a verdade é que eu fui das últimas pessoas a ver o meu avô vivo. a ver o avô joão sem a sua tão estimada e tão dolorosa perna. não o reconheci. confesso. o avô joão não tinha placa e a cara estava diferente e hesitei, mas ele abriu os olhos e os olhos verdes do avô joão não enganam ninguém. marina, disse ele. ou não disse. murmurou. marina. o avô joão estava sem a sua perna, abriu os olhos, viu-me e disse o meu nome. eu beijei-o na testa porque é assim que devia ser. ele tinha muita sede, mas não podia beber água. lembro-me que tinha dores no corpo de estar na mesma posição e a mim fez-me impressão vê-lo mexer-se sem a sua perna, com a pouca destreza que lhe sobrava. lamentava-se muito o avô joão. e quando saí, decidimos todos fazer planos para a nova vida do avô joão. íamos construir uma casa-de-banho junto ao quarto dos avós. toda preparada. assim, a vida do avô era mais fácil. mas não, já não tem idade para aprender a viver à custa da pouca força dos braços. mas fizemos todos os planos. e no dia seguinte, antes do almoço, a mãe telefona para o hospital. queria saber como estava o avô. não disseram nada em concreto, mas venha até ao hospital que o doutor quer falar com vocês. por vocês estava implícito a mãe e o tio. e a mãe pergunta-me assim, ipsis verbis: "será que o avô morreu?" e eu digo que não, que não tem jeito nenhum pedirem para ir ao hospital para dizer isso. se fosse isso ligavam só e informavam. tínhamos visitas nesse domingo. primos de évora. e fui com o pai para a casa da tia, que mora aqui ao lado e almoçámos todos. todos ainda com a sombra da doença do pai recém-descoberta e o telefonema misterioso que tinha levado a mãe e o tio ao hospital. levei o telemóvel comigo, para o caso da mãe ligar. e a mãe ligou. e disse "o avô joão morreu". e foi assim que foi. e como posso eu chegar a uma mesa de almoço de família reunida e informar que. e o pai. agora tínhamos de ter muito cuidado com o pai. mas eu não sou boa com os panos quentes. respirei fundo e da porta da sala de jantar da tia disse "era a minha mãe. o tio joão lá morreu." e saí - sempre com o pai de baixo de olho. tinha de vir a casa trocar de roupa e ir para casa da avó, que estava sozinha. cheguei a casa e liguei à irmã. a irmã já sabia, estava a chorar ela. eu não. disse a ele. disse também a ela, e que passasse a palavra. vesti preto. peguei no carro e pus-me a caminho. e quando estava no caminho. gritei. gritei bem alto e chorei. e estacionei. e a avó estava aos gritos, já com as vizinhas pela casa a acusar os médicos, que não lhe deviam ter tirado a perna. que isto e aquilo. ajudei a avó a escolher a roupa do avô. tarefa que  nunca me tinha cabido a mim antes. escolhi a gravata. e o acaso fez com o avô levasse com ele a roupa que tinha levado ao casamento da irmã. as pessoas foram chegando e eu cada vez mais pequena ali. e o primo, o primo da infância olhou pelo quintal onde ambos tínhamos sido criados, quase em conjunto e disse que antes o quintal parecia-lhe muito maior. agora era tão pequeno. mas fomos nós que crescemos. e agora já não há fio atado ao stake que nos una. o avô foi logo nessa tarde para a igreja. não queríamos adiar nada. o avô joão estava quente ainda e isso fez-me muita confusão. os mortos são frios. será que está morto? pensei eu. é ridículo, eu sei, mas o avô joão estava quente. e mole. não fazia sentido estar morto. mas estava. tive três boas companhias nessa tarde e noite. é aí que sabemos os amigos que temos. são aqueles que correm ao nosso encontro. rain or shine. e no dia seguinte, de manhã, o avõ joão foi levado para a última cama onde se deitaria. fui  despedir-me dele e as últimas palavras que lhe disse ficam comigo e com ele, ficam entre nós. despedi-me. e ninguém o fez, excepto eu: agarrei num punhado de terra e joguei-o para cima da cama do avô. e depois, sim, chorei e agarrei a mão dela que tinha vindo para estar comigo. agarrei a mão dela e chorei pelo avô joão. nessa tarde, seguimos para lisboa. enterrados os mortos, havia que cuidar dos vivos. e era o meu pai que estava agora em primeiro lugar. o que se podia fazer com a lesão no esófago do meu pai - viemos a descobrir que são poucos os médicos que usam a palavra cancro; devem ter medo de a dizer: c a n c r o. demos algumas voltas e fomos parar ao sítio certo, onde fomos sempre muito bem acolhidos. o pai ia fazer quimioterapia e radioterapia. ao mesmo tempo. ia fazer os tratamentos durante 4 ou 5 semanas, já não me recordo e na primeira e última semana ia ficar internado. a receber veneno durante 24 horas por dia. e o pai lá foi e portou-se muito bem. era a alegria dos quartos, sempre com a bela piadola ao virar de cada esquina. e eu ia religiosamente, todas as tardes após o trabalho ver o pai. e a semana terminou. o pai veio para casa, agora só tinha de fazer radioterapia. o pai chegou a casa no sábado à tarde, com muitos medicamentos, os quais me passaram para as mãos. fiz os horários dos medicamentos do pai. sabia para que servia cada comprimidinho que o pai tomava. mas no domingo, o pai teve dores na perna esquerda. era normal. já sabíamos que a quimioterapia trazia dores. mas o pai e a mãe não dormiram de domingo para segunda. o pai não conseguia pregar olho com as dores que tinha. mostrou-me o pé. branco. frio. isso não é normal, disse eu. já que vais ao tratamento, podias ver disso, mas o pai manteve-se forte e teimoso como sempre e foi ao seu tratamento e voltou para casa para logo imediatamente depois, a mãe me ligar a pedir para eu ir ao hospital pedir transporte para o pai. o pai já não aguenta com dores. o hospital não podia ir buscar o pai a casa, então a irmão levou-o e ficámos lá. nós os 4. de certa maneira, é muito triste ter noção que este foi o ano em que ficámos os 4 sozinhos mais vezes. mas ficámos sempre. e o pai já tinha o pé roxo. com muitas dores. o médico viu-o. o sangue já não circula ali. os medicamentos não chegam lá e não há nada que tire as dores do pai. o pai vai para outro hospital. o hospital onde há muitos anos o avô joão já tinha sido tratado e onde - segundo as palavras da família - nunca fizeram nada pela perna dele. mas o pai ia para lá. e a mãe chorou muito. e será que o operam? e operaram. o médico olhou para o pé do pai e disse que mais uns minutos e tinha de ir o pé fora. foi preparado e levado para a sala de operações em estado de urgência. o pai nunca tinha sido operado e estava tudo a acontecer naquele momento. e eu nem sabia para onde me virar. então virei-me para aquilo que sei fazer melhor: deveres. liguei a informar os irmãos do pai do que se passava. avisei quem tinha de avisar e o sentido de responsabilidade ajudou. depois chegou ele, que ficou comigo. e o pai foi operado duas vezes. a primeira não ficou como os médicos queriam, então fizeram novamente e depois pudemos ir ver o pai, que estava relativamente consciente. entrámos as 3 e falámos com o pai e tocámos no pé, agora quente. mas não ficou por ali. o pai agora tinha de estar um bom tempo a repousar a perna e o pé. voltou para o hospital de origem e aí ficou. ai o pai fez companheiros de quarto, ai conheci o senhor bengaló e tantos outros com quem conversávamos todos os dias. depois o pai ficou melhor e começou a dar passinhos com a ajuda de uma muleta e depois o pai voltou para casa. e finalmente, o pai pôs-se a conduzir e a retomar a sua vida normal. hoje mal coxeia e mal se nota que teve algum problema na perna. mas agora, o pai já não podia fazer mais quimioterapia, porque podia agravar a perna. agora o pai só tinha a radioterapia e depois disso, disse-nos o muito famoso médico que "se não der para ser operado, não há nada a fazer". grande médico. delicado. a espera pela decisão de operar ou não operar foi, portanto, muito longa. mas quando aconteceu e outro médico - um que víamos pela primeira vez - nos disse "vamos operar", eu quis chorar e o pai também. a irmã ria muito. e o pai tinha os olhos marejados e eu escondi a cara para respirar e não chorar. o pai ia ser operado. vão tirar o esófago e o pai fica livre. nós ficamos livre. cancer free. todos nós. e foi marcado para dia 22 e depois para dia 29 e agora não sabemos. estamos à espera. novamente, à  e s p e r a. e é, resumidamente, por isto, que estou ansiosa para que este ano chegue ao fim.



* the album leaf


Monday, December 28, 2009

a vida #12 - edição #2

ai, não. não. dia 29 também não. já não pode ser. podia, mas agora já não pode.

se calhar para a semana.

possivelmente.

vamos tentar.

se calhar.

talvez.

Sunday, December 27, 2009

da parvoíce.

uma merda grande.



Saturday, December 26, 2009

sing to me hope

all my words were bound to fail
but i know you won't fail.


fair. remy zero

Saturday, December 19, 2009

a vida #12 - edição

afinal, não é 22. é 29. se calhar.

e já não é merry christmas.

é happy new year.

se calhar.

Thursday, December 17, 2009

a vida #12

dia 22 de manhã.


merry christmas.

Monday, December 14, 2009

# 79

ao senhor antónio bengaló. da cama em frente à cama do meu pai. da sala 7. da oncologia médica. do pavilhão de medicina. do instituto português de oncologia de lisboa:

peço desculpa por não ter voltado para o visitar.

a vida #11

a partir de amanhã, a vida matinal tem uma nova rotina. antes de sair de casa há que acordar devagarinho o pai e dar início às actividades clínicas que ele tem sempre ao longo do dia. depois, é esperar que ele adormeça de novo e se esqueça das minhas maldades. eu espero não ficar só parada, de arma em riste, tensa e com perfeita noção de que vou falhar. o que mais me custaria seria causar-lhe (mais) dor.


Saturday, December 12, 2009

do novo template (e mais um bocadinho de frustração)

pronto, já está! fica assim!
não queria eu mudar aqui os cantos da casa, mas acontece que numa bela manhã vejo que as imagenzinhas bonitinhas (aquelas flores que apareciam nos cantos e que se calhar só eu é que alguma vez reparei nelas) que eu tanto gostava desapareceram! tudo o que eu tinha era uma imagem de erro a dizer que a conta já não era utilizada há não sei quantos dias... seguiu-se muito tempo (ontem e hoje até agora) em busca do template perfeito. foram vários os contemplados, mas foi difícil, porque para mim eu já tinha o template perfeito. mas adiante. vi muitos e giros e pedi ajuda à minha parceira de secretária (embora cada uma trabalhe na sua) e ela muito amiga que é (às vezes) atrasou o seu almocinho por minha causa. foi mesmo assim que aconteceu. e mostrou-me um sítio onde se mudava não sei que e não sei que mais e eu tudo bem, vou experimentar. e o importante era as datas, porque faz falta. e vi e mudei e experimentei e frustrei muito. e agora fica assim. por quanto tempo não sei.

e agora acho que ainda tenho de mudar algumas coisas.

é o desempacotar de livros normal após uma mudança.

Friday, December 11, 2009

do amor

e ainda estou aqui a pensar se não será tudo apenas uma questão de perspectiva. se valerá de alguma coisa abdicar de alguma coisa para não saber o que se terá. abrir mão. do quê? estou a pensar se serei eu a ver as coisas de forma errada, ou mais egoísta. mas a conclusão é que tenho saudades tuas e agora vou continuar a trabalhar.

da frustração meteorológica

hoje está sol.

hoje está sol (!!!!!)

Wednesday, December 09, 2009

# 78

i

am

so

in

love

with

you

.

Sunday, November 29, 2009

# 77

People were getting ready for tomorrow. I didnt believe in that. Tomorrow wasnt getting ready for them. It didnt even know they were there.


the road. cormac mccarthy


Saturday, November 14, 2009

a vida #10

não é segredo para ninguém que:


a) me é extremamente próximo;
b) por motivos profissionais, se tornou necessário informar;
c) por interesse e preocupação viu que algo estava a falhar e perguntou.


não é segredo para ninguém que:
a) estou respondona e rabugenta e com péssimas qualidades sociais;
b) vivo com o coração nas mãos;
c) medo, medo, medo, medo, medo.




isto de a nossa vida estar fora das nossas mãos não é coisa com a qual lide muito bem. tenho os meus planos, as minhas ideias, não penso que sou controladora, mas sempre gostei de intervir directamente na minha vida. mas não pode ser. dia 18 está já aí ao virar da esquina e com esse dia, com essas 24 horas que o dia tem, com os minutos que as palavras demorarão a dizer, a minha vida pode ir para 8 ou 80 e eu não vou ter nada a dizer. eu não vou ter um "eu" na equação, porque eu não sou equação.


quem me ama e quem me é próximo do coração sabe os passos que tenho dado num sentido que me afasta de toda a aprendizagem que fiz nos últimos anos. uma aprendizagem que não me diz nada agora. porque não é eu saber as bases do Romantismo inglês, ou as características da escrita da Shakespeare, para não deixar de lado o sonho americano, que vai curar o cancro do meu pai. cá está. não é segredo para ninguém. o cancro do meu pai.  que vive no corpo do meu pai. não são as fotocópias compradas e as teorias lidas que o vão tirar dali. e por isso, que me ama e quem me é próximo do coração sabe os passos que tenho dado num sentido que me aproxima de algo melhor. que me aproxima de algo que talvez até possa fazer uma diferença. talvez, não agora, talvez não pelo meu pai. mas talvez mais tarde. talvez um dia eu deixe de ser impotente e possa orientar alguém para um melhor caminho. acredito naquilo que tenho vindo a aprender. acredito que faz de mim uma pessoa melhor, mais capaz. e, de momento é isso que tenho como garantido. porque dia 18 está já aí a chegar-nos à porta. já oiço os passos.


tick-tack


é só o meu coração que seguro nas minhas mãos. tudo o resto, não é palpável para mim. como é que se faz este processo? como é que se espera calmamente, respirando 1, 2, 3, expirando 1, 2, 3. valham-me as pequenas coisas. valham-me as presenças que não superam as ausências. não superam a tua ausência. porque depois de dia 18 é tudo presente ou ausente. e eu não sei.


eu não sei.


eu não sei.


dia 18 decide por mim e eu espero.


espero.


espero.


1, 2, 3. 1, 2, 3.


1, 2, 3. 1, 2, 3.


1, 2

Wednesday, October 21, 2009

a vida #9

ele está a envelhecer muito rapidamente. emagrece visivelmente. usa boina, como os velhos alentejanos que ficam sentados no bancos à porta de casa com um cajado. mas em vez de cajado, ele tem uma muleta. mal sai de casa – não tem como. anda pouco, não conduz. não demorará muito a ficar mais fraco. come pouco - não tem como comer. as dores são tantas.  oiço-o à noite. perdeu a vida que tinha ainda vivo. longe vão os primeiros tempos em que o alento vinha das suas gargalhadas. cabe-nos a nós agora puxar por ele. a nós e só a nós.


Friday, October 09, 2009

a vida #8

profissão: enfermeira depois do dia de trabalho.


- tiveste dores?
- e febre?
- tomaste os medicamentos todos?
- tiveste mal-disposto?
- puseste o creme?
- a radiação hoje foi só no peito?


(...)

Tuesday, October 06, 2009

unthought known

o dia de hoje permitiu-me descobrir que tinha de mudar o nome aqui do espaço. esta música dos grandes senhores é daquelas que fica. sem dúvida. ficou em repeat durante grande parte da tarde. a letra é digna da qualidade à qual o senhor eddie nos tem vindo a habituar ao longo dos anos. o ritmo e a melodia são qualquer coisa de fenomenal. o crescendo da música é viciante. e por isto e porque acho o título absolutamente genial, fica registada esta mudança. e para quem não conhece, aí fica a letra da música que daqui em diante dará nome ao espaço:



All the thoughts, you never see, you’re always thinking...
Brain is wired, brain is deep, oh are you sinking?...

Feel the path of every day, which road you taking?...
Breathing hard, & making hay, yeh this is living...

Look for love & evidence, that you’re worth keeping,...
Swallowed whole in negatives, it's so sad & sickening,...

Feel the air up above, a pool of blue sky,...
Fill the air up with love, black with starlight,...

Feel the sky blanket you, with gems & rhinestones,...
See the path cut by the moon, for you to walk on,...
For you to walk on,...

Nothing left, nothing left,...
Nothing there, nothing left,...

See the path cut by the moon, for you to walk on,...
See the waves on distant shores, awaiting your arrival,...

Dream the dreams of other men, you’ll be no one's rival,...
Dream the dreams of others then, you will be no one's rival,...
You will be no ones rival,...

A distant time, a distant space,...
That’s where we’re living...
A distant time, a distant place,

So what you giving?,...
What you giving?


unthought know. pearl jam



Wednesday, September 23, 2009

#76

What were all those dreams we shared
Those many years ago?
What were all those plans we made
Now left beside the road?
Behind us in the road

More than friends I always pledged
Cause friends they come and go
People change as does everything
I wanted to grow old
Just want to grow old

Slide on next to me
I’m just a human being
I will take the blame
Bust just the same
This is not me
You see
Believe
I’m better than this

Don’t leave me so cold
Or buried beneath the stones
I just want to hold on
And know I’m worth your love
Enough
I don’t think
There’s such a thing

It’s my fault, Now I been caught
A sickness in my bones
How it pains to leave you here
With the kids on your own
Just don’t let me go

Help me see myself
Cause I can no longer tell
Looking out from the inside of
The bottom of a well
I yell
It’s hell
But no one hears

Before I disappear
Whisper in my ear
Give me something to echo
In my unknown futures ear

My dear
The End
Comes near
I’m here
But not much longer



pearl jam. the end


Sunday, September 20, 2009

yoga #1

é do conhecimento "geral" que eu e o Yoga andamos muitas vezes de mãos dadas. ultimamente, tenho-me refugiado bastante nele, seja prática, sejam livros, é nele que tenho encontrado alguma da paz que me tem faltado. as pessoas não se regem pela nossa disponibilidade e emoções. mas o meu Yoga rege-se somente por mim e é por isso que me tem sabido tão bem ter um espaço em que posso apenas ser e fazer o que quero. nos últimos tempos, tenho-me aproximado bastante da minha professora de Yoga. temos ficado depois das aulas a conversar sobre várias coisas e, enquanto ela tem questionado o Yoga que aprendeu, eu tenho-me apercebido de que o Yoga que, neste momento, tenho e sei, não me chega. preciso de algo mais. tenho lido mais, tenho praticado mais. mas não sei se sei o suficiente. não sei se aquilo que sei é suficiente para aquilo que quero. este mês teria passado uns dias dedicada ao Yoga e tinha muita esperança de receber nesses dias uma nova luz que ajudasse a orientar o meu caminho a este nível. mas a vida mudou radicalmente e o Yoga que queria ter aprendido passou para um plano muito secundário. verdade que nós próprios somos os nossos melhores professores de Yoga, mas acho muito difícil sermos tão auto-didactas ao ponto de não ser necessário ouvir a voz de alguém. há algum tempo que penso em ir mais longe nesta via, mas, infelizmente, ainda não surgiu a oportunidade certa. e enquanto ela não aparecer, os livros continuarão na minha mesinha-de-cabeceira e o meu tapete continuará sempre pronto a ser usado.

Saturday, September 19, 2009

a vida #7


daddy's home :)


Wednesday, September 16, 2009

a vida #6


quando é que "isto" se tornou a minha vida normal?


Tuesday, September 15, 2009

a vida #5

tenho feito coisas nos últimos dias que nunca tinha feito antes. nunca tinha internado ninguém, por exemplo. e também nunca tinha gerido o meu horário diário em função de idas ao hospital. o internamento é fácil: chegamos lá e há alguém que nos mostra os sítios das coisas. a cama, felizmente, fica junto à janela. há depois a questão de arrumar roupas e objectos mais pessoais em armários e em gavetas. sentir o ar geral do quarto. conhecer o tipo de pacientes-vizinhos, que nos verão a cirandar por ali nos dias futuros. não é muito complicado. as visitas fazem-se. na sala comum é sempre mais fácil e agradável, embora não seja fácil vê-lo andar de um lado para o outro agarrado a uma máquina. outra coisa que descobri hoje é que não é fácil rapar pêlos que não são nossos. há toda uma questão de curvatura do corpo que não conseguimos sentir e temos medo de ir muito profundamente. há o medo de apagar linhas que se devem manter nas próximas 5 semanas, há a colocação de um creme especial que não pode tocar nas ditas linhas. não é fácil saber o que é demais. mas vamos aprendendo e certamente amanhã já faremos melhor.

Thursday, August 27, 2009

a vida #4


"localmente avançado"


Monday, August 10, 2009

a vida #3

tenho saído de casa todos os dias por volta das 7 horas. sou a única pessoa numa casa de 3 que trabalha actualmente. e descubro isso todos os dias, como uma lembrança deixada num post-it na porta da garagem. hoje só trabalhas tu. e sou lembrada disso diariamente. o facto de só o meu despertador tocar, ou o facto de não ter de me apressar a tomar banho para dar lugar a mais alguém na casa-de-banho numa rotina matinal incomoda-me. de manhã, sou dona e senhora da casa. sou a única que vive naquela casa de manhã. todos os dias de manhã sou lembrada da verdade que nos tem acompanhado. e todos os dias fico tão sozinha a percorrer os espaços vazios daquela casa.

Friday, August 07, 2009

#76

you will move with me. we will stay still. and words will move around us. surround us in gold. and in our world we will be silent. you will swim to me. we will be free. and words will swim around us. surround us in schools. and in our cool we'll be reminded. that you refuse to fade away. i hide to stay the same. where do we go from here i don't know. for me you flower to be chosen. i fall down to be noticed. where do we go from here. it was a time. a way of life. the only secrets we talked about were all the fears in all these years we spent together. and you refuse to fade away. i hide to stay the same. where do we go from here i don't know.



[após duas semanas de silêncio, é só isto que consigo ouvir.]


loved despite of great faults. blonde redhead


Monday, July 27, 2009

a vida #2




1927 - 2009



Saturday, July 25, 2009

a vida #1

chegou quarta-feira. veio por carta. levou-nos ao chão e caminhamos agora mais pesados. senta-se na sala connosco à noite e come da nossa comida. faz parte da família, agora. é um de nós e nós não gostamos dele. estamos ainda a aprender a viver com ele. já o conhecíamos, mas quando ele nos bate mesmo à porta de casa vemo-lo mais de perto. ainda estamos a aprender. faz-se lentamente. eu sei porque ontem foi mais fácil do que o dia anterior. e estamos a reunir esforços e a chamar todas as tropas para o conseguirmos levar daqui para fora. somos muitos e já o vencemos duas vezes. tenho muito medo dele, mas ele ainda não é o grande o suficiente para me anular. ainda chegamos para ele. e eu dou-lhe a mão, porque aquilo que ele invadiu é mais meu do que dele.

Monday, July 13, 2009

#75

oh these sleepless nights
will break my heart in two


sleepless nights. pearl jam

Friday, June 12, 2009

#74

à noite, a verdade chega.


e não fica ninguém para apanhar os cacos.



eu vou dormir.

Saturday, May 23, 2009

#73

foi quando o passado invadiu o meu presente que temi pelo meu futuro. desta vez, ia ser diferente, pensei eu. desta vez, não há noites em claro, que eu não sofro com as acções alheias. sou senhora de mim e desta vez, vou em mim mandar. mas são as escolhas que provam que sou menos minha que aquilo que deveria ser. a decisão de por ti ficar pesa-me como uma derrota minha. pequena fraqueza do meu coração sedento. cedi. outra vez. deixei-me ficar em claro, como tantas outras vezes, a revirar-me em claro, a tentar perceber se era ou não seguro adormecer. se vinte minutos eram realmente vinte minutos ou mais de uma hora, como tantas outras vezes foi. em claro, contei-os. não chegaram a dez. fui recompensada. algures no tempo, algo se encaixou para que eu não sofresse mais em claro, embora em claro eu tivesse decidido ficar. algo contrariada. mas viesse uma decisão semelhante, penso que me viraria novamente (e sempre) para o claro. porque o escuro sou só eu e eu tenho medo de mim.


Monday, May 18, 2009

#72

Is it any wonder that you failed to realize that everything you have so falsely conceived has its only existence within your own wonderful, enlightening Mind of True Essence.


jack kerouac, wake up.

Saturday, April 18, 2009

3.




and we've just begun.


Wednesday, April 08, 2009

#71

"We murder who we were so we can rebirth ourselves in the images of dreams."



jasmine. bharati mukherjee


Wednesday, April 01, 2009

self-titled





chamam-lhe "collector's box" e é toda minha.


Wednesday, March 25, 2009

#70

but i'll find you before i drift away.


city and colour. day old hate

Thursday, March 19, 2009

#69




You Are the Heart Chakra



You are loving, kind, and empathetic. You feel for the world, and you truly value peace.

You have many close relationships, and you work hard to make them harmonious.



You are accepting and understanding. You are tolerant of all sorts of viewpoints, even if you don't agree with them.

You are very forgiving. When you love someone, your love is unconditional.

you're the moment

these thoughts i must not think of
dreams i can't make sense of
i need you to tell me it's ok.



editors. when anger shows

Monday, March 09, 2009

;)

- yoga? pode ser!


e o sobrinho recebeu luz verde para ir com a tia :)

Wednesday, March 04, 2009

em que ela descobre a vida na ausência.

Thursday, February 19, 2009

B.




bem-vinda :)

Monday, February 16, 2009

#68



she couldn't scream while i held her close





the killers. jenny was a friend of mine

Sunday, February 15, 2009

aula de yoga #3

l: mas estás a pensar em fazer formação de professores, é?
m: ah, não, não...
l: porquê? é um mês...
m: sim, mas o que é que fazia depois com isso?
l: davas aulas...
m: hmm acho que se desse aulas acabava por chegar onde tu estás. assim, yoga é sempre aquela componente da minha vida que me faz feliz e realiza.
l: sim, percebo o que queres dizer.

:)

Sunday, February 08, 2009

#67



how long must she stand
before the ground, it gives way
to an endless fall
she can feel this
war on her face
stars on her pillow
folding in the darkness
begging for slumber



pearl jam. army reserve


Saturday, February 07, 2009

#66

mais um terceiro aniversário. este não se comemora.

Wednesday, January 28, 2009

:)

parece que aqui o sítio faz hoje 3 anos :)


obrigada pelas visitas e pelas palavras.

Saturday, January 24, 2009

#65



z e n





Thursday, January 15, 2009

#64

What came first, the music or the misery? People worry about kids playing with guns, or watching violent videos, that some sort of culture of violence will take them over. Nobody worries about kids listening to thousands, literally thousands of songs about heartbreak, rejection, pain, misery and loss. Did I listen to pop music because I was miserable? Or was I miserable because I listened to pop music?


nick hornby. high fidelity

Saturday, January 10, 2009

#63

better not try to get inside my head
you'll find a nightmare waiting.


ladyhawke. manipulating woman

Monday, January 05, 2009

#62

és tu que entendes os meus silêncios e que retiras deles todo o significado lá contido.
és tu que me fazes tremer as mãos por não te saber ocultar nada.
invades o que é mais meu, porque tu já sabes o que existe em mim.
és tu o meu maior segredo. meu amparo.

nestes anos todos continuas a ser o mesmo para mim.

amo-te de peito aberto.

(L)

Sunday, January 04, 2009

2009

já vamos a 4 e eu ainda nem uma palavra escrevi sobre isto.

para algumas pessoas, é o natal. para outras, são as férias de verão. para outras, não é o que quer que seja. para mim, é o ano novo. é o que esta altura representa: um novo começo. repito: para mim.

é a possibilidade de me reiventar ou reescrever.
de me pintar com cores novas. de me desdobrar e moldar.

é o poder tentar de novo, fazer melhor, ser mais. e este ano, quero viver mais. desde outubro de 2007 que fiquei estagnada nas coisas que tinha/tenho para fazer. quero descobrir que posso continuar a ser-me sem deixar de as fazer. tenho projectos que quero realizar. tenho bolsos cheios de esperança. e daqui a cerca de dois meses vou ter mais um amor a quem vou dedicar a minha atenção. para ela, tenho os braços abertos.

para mim, tenho o peito aberto.


em 2009, vou [tentar] ser o melhor de mim.